quinta-feira, 25 de abril de 2019

Tributo Homenagem a Autores Marcantes da Literatura Universal

A convite da minha Editora foi-me proposto fazer um texto em «Tributo Homenagem a Autores Marcantes da Literatura Universal».
É óbvio que não vou revelar a quem fiz o tributo.
Posso apenas adiantar que é português, está entre nós e é bem conhecido do povo português e além fronteiras. 
Este livro será redigido por vários escritores e poetas convidados, cujo lançamento está previsto para a "Feira do Livro de Lisboa/2019", onde também vou estar com os meus 5 livros já editados.
Mais uma distinção que me honra e ficará a pertencer ao meu percurso como homem, que escreve no silêncio das palavras.



quinta-feira, 18 de abril de 2019

Insatisfação




O que nos deixa satisfeitos, langorosos e ronronantes como gatos são meia dúzia de coisas que satisfazem os sentidos e enchem a alma, como se esta ocupasse espaço entre nós.
Parece que a satisfação se aproxima de um sentido geral da sociedade, como se tivéssemos múltiplos e diferentes estômagos sensíveis a diferentes tons da sensorialidade. Podem ser odores, paladares, sonoridades, visões esplendorosas ou inolvidáveis. Pode ser toques leves ou gamas de envolvência corporal que nos mergulham, mesmo que por breves momentos, numa espécie de conhecimento da completude.
A insatisfação, pelo contrário, tolda-nos o humor, escurece os dias, e rói dentro de nós como se fosse uma moinha próxima da dor. Distraímo-la como podemos, inventando objectivos, tecendo metas e propósitos, criando acontecimentos e entreténs, investindo em emoções fortes, interesses que sabemos explicar, valores que erigimos como princípios fundadores. Fazemos de tudo para a manter silenciosa, dormente, enroscada num qualquer canto escuro que existe em nós, à revelia de qualquer senso ou determinação treinada e bem-educada. Detestamos o que não percebemos e não percebemos porque é que, no fim de tudo, a insatisfação nos assalta como se tivesse vida própria e fosse indiferente aos nossos melhores esforços.
Dizem alguns, com o tom próprio dos filósofos a quem nada espanta, nem a própria ignorância, que a insatisfação é própria do homem. Que reside nela a chama viva de sermos construtores diligentes de culturas e civilizações, que carecemos dela para gerar novos seres, outras descobertas, obras de arte. Que, para lá de todas as pequenas insatisfações resultantes da frustração própria de quem não vê os seus desejos cumpridos, há uma outra, enorme, imensa e construtiva. Parece que é essa que nos move em direcção ao divino, e também que nos dispõe a aceitar o nosso efémero trajecto, como se no fim houvesse um lugar de desprendimento ou de encontro pleno em que finalmente a insatisfação nos abandonasse. Ou nós a ela…

Joaquim Maneta Alhinho