A crónica é um género de
escrita ainda hoje de difícil definição.
Começou
por ter como tema acontecimentos históricos narrados por ordem cronológica e
foi-se transformando, com o evoluir dos tempos, em textos personalizados de
comentário e análise das mais diversas situações do quotidiano. Um quotidiano
abordado a partir duma perspectiva pessoal em que a formação académica, prática
profissional ou conhecimentos específicos do cronista são relevantes, quer no estilo
adoptado, quer nos conteúdos escolhidos.
Por
se tratar de textos curtos publicados em meios de comunicação social de grande
divulgação e terem uma periodicidades intensa, têm habitualmente uma linguagem
simples, despretensiosa e mesmo colonial.
Nem
sempre o fiz, admito!
Contemporaneamente,
a crónica tende a ser mais dissertativa do que narrativa, quer dizer,
preocupa-se mais em discorrer ou mostrar um ponto de vista ou uma perspectiva
particular sobre um acontecimento, um facto ou até um sentimento, do que
descrevê-lo simplesmente.
Vem
este arrazoado a propósito de ter em meu poder - umas publicadas e outras por editar
- mais de mil crónicas.
Ao
longo de tantos anos a escrever, dizem-me que construo textos que interessam às
pessoas mas também que são úteis. Dizem-me também, que aquilo que escrevo
suscita reacções, identificações, reflexões e até decisões relevantes de quem
as lê. Fico imensamente feliz, por isso!
Deixem-me
partilhar convosco a minha grande fonte de inspiração: as pessoas.
As
pessoas com quem me cruzo na vida social, laboral e na rua. O que as pessoas
dizem, as suas interrogações, preocupações e reflexões. As suas distorções e
inquietações, as suas mágoas e vitórias, as suas queixas, as suas formas de
lidar com os problemas e resolvê-los, os seus momentos de satisfação e gloria.
São
as pessoas vulgares, as suas sensações, emoções e sentimentos que tento captar
e trazer até vós na esperança de que nas costas dos outros vejamos as nossas.
Joaquim
Maneta Alhinho