domingo, 17 de fevereiro de 2019

Das palavras escritas




Olho, neste pôr do sol, o caminho já andado e vejo uma paisagem infinita de palavras. De palavras escritas, de palavras ditas que brotaram das fontes de onde nascem as madrugadas. Nunca escrevi um texto desprendido de emoção. Jamais escreverei uma linha que não suba a Serra da Arrábida, nem desça ao Rio Sado. Tantas páginas, tantos textos que me desnudam o peito. É no silêncio onde guardo as coisas por dizer. A minha caneta está ligada ao meu coração e escrevo com os dedos da alma. Escrevo os dias que fomos, os tempos que somos. O amor que partilhei e reparti por personagens sem fim, que se me entregaram, a quem me entreguei em tempestades de paixões. Este desfile de palavras continua a nascer desta sede imensa que apenas se sacia na própria vida. E sei, quando o meu sol desaparecer no horizonte para as noites infinitas dos meus dias, que este Rio Sado se aconchegará no oceano de todas as palavras criadas e naquelas que faltam inventar. Escrevo porque amo a vida.
Vivo porque amo escrever!


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