quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Onde anda o meu sorriso?

 

Preciso de encontrar o caminho para voltar a sorrir. Sempre tive um sorriso aberto, franco e leal.  De felicidade, até…

Passei muito tempo a conviver com o sucesso, meu e o dos outros. Porque sempre achei que quando um amigo estava feliz e tinha sucesso, eles eram meus também.

Fiz amigos, construí uma vida, amei muito. Sempre soube que dar amor trazia de volta a felicidade. Fiz o possível para manter a minha família comigo: filhos, esposas, pais e sogros.

Quanto aos últimos, fui cuidador até aos seus últimos suspiros. Alguns até, terminaram o seu ciclo de mão dada comigo.

Penso que as percas ao longo da minha vida, fizeram-me valorizar muito o que de bom a vida me dava.

Sempre encarei a vida de frente, peito aberto, disposto a viver com alegria, mesmo quando todos me avisavam: “Não dá. É muita carga para ti. Desiste…”

Sempre tive disposição para ser feliz que é o segredo para encontrar a beleza da vida. Olhar as coisas e ver o lado positivo, negar o negativismo.

Fui feito para sorrir, para brincar, para ter e fazer algum projeto que me deixava extremamente apaixonado: ter metas e cumpri-las. Ter fé e nunca desacreditar que o melhor da vida estaria guardado para mim, para nós, para todos vós, que vivem neste mundo carregado de incertezas.

Mas agora, com total honestidade, não me sinto nada feliz; o meu sorriso murchou e o meu sol interior entrou em eclipse, fiquei aqui no meio da escuridão. A vida fugiu de mim. Sinto que, já não tenho a força e o alento para prosseguir. Já perdi os meus filhos, as esposas, os meus pais, os meus sogros e até os animais de estimação.

Tudo o que vive tem que morrer um dia, eu sei!

Mas a dor e o sofrimento não acabam. Tanta mentira e tanta traição, meu Deus…

Tudo tem um fim. Agarro-me à minha fé, mas ela fraqueja, sentindo-me solto como quem vai cair num abismo. Num buraco sem fundo, em queda desesperadamente livre, sem apoio, sem entender o porquê dos passos que dei. Sinto medo, até pânico da vida que me assola.

Eu nasci para lutar. E continuo a minha luta. A maioria das vezes, inglória. Os mortos amados já não vão voltar. Envelheço e entristeço-me. Já não encontro as metas para seguir, nem espaço para sorrir. Os meus sorrisos, agora são doloridos e sofridos.

Por onde andam os meus antigos sorrisos? Morreram também…Não acredito!

 

 



 

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