terça-feira, 6 de abril de 2021

Há fortunas assim...

 

Todas as manhãs, o gerente de um grande banco de Lisboa, passava na esquina onde está sempre o engraxador. Senta-se na cadeira e, enquanto lê o “Diário de Noticias”, o engraxador dá um brilho espelhado nos seus sapatos.

Certa manhã, o engraxador pergunta ao gerente bancário:

- O que é que o senhor pensa da situação do mercado de acções?

O gerente responde-lhe com alguma arrogância:

- Não faço ideia… Porque está tão interessado nesse assunto!

- Sabe – diz o engraxador - tenho dez milhões de euros no seu banco

e estou a pensar investir parte do dinheiro no mercado de capitais.

- Como se chama? – pergunta o gerente.

- Joaquim Trovoada Ganhão.

O gerente chega ao banco e pergunta ao Chefe do Departamento de Clientes:

- Temos algum cliente chamado Joaquim Trovoada Ganhão?

- Sim, sim, temos sim. É um cliente muito estimado e tem dez milhões

de euros na conta.

O gerente sai do banco, vai ter com o engraxador e diz-lhe:

- Senhor Ganhão, peço-lhe que na próxima segunda-feira o senhor seja o nosso convidado de honra numa reunião de administração do banco.

Na reunião, o gerente apresenta o engraxador aos restantes membros:

- Todos nós conhecemos o Sr. Ganhão que dá um brilho excelente  aos

nossos sapatos, mas este senhor também é um nosso estimado cliente,

com alguns  milhões de euros na sua conta. Eu convidei-o para nos contar

a história da sua vida, pois tenho a certeza que vamos aprender muito com ele.

O Sr. Joaquim Ganhão começou por descrever a história da sua vida:

«Vim para a capital há cinquenta anos como um jovem, em busca de trabalho e com um nome muito esquisito. Saí do comboio sem um tostão nos bolsos.

Vim faminto e exausto. Comecei a vaguear em busca de trabalho fixo,

mas sem sucesso. Passei muito mal...

Um dia, encontrei uma nota de 20 escudos no passeio. Comprei um kilo de maçãs. Aqui, tinha duas opções: Ou comer as maçãs e saciar a minha fome ou abrir um negócio.

Vendi as maçãs por 5 escudos e comprei mais algumas com o resto do dinheiro.

Vendi muitas maçãs...Ui, se vendi!

Quando comecei a juntar alguns escudos, consegui comprar um conjunto de escovas usadas e comecei a limpar sapatos. Não gastei um centavo em

diversões ou roupas...Apenas comprei pão e queijo para sobreviver.

Economizei escudo a escudo e passado algum tempo comprei  escovas

novas, mais graxas e pomadas para sapatos de várias cores e aumentei a

minha clientela. Eu vivia como um monge e economizava, economizava...

Uns anos depois, consegui comprar uma cadeira para que os meus

clientes se pudessem sentar confortavelmente, enquanto lhes limpava

os sapatos, o que me trouxe mais clientes.

Continuei sem gastar um centavo com os prazeres da vida.

Continuei a economizar dia após dia. Entretanto, o Escudo virou para o Euro.

Passado mais alguns anos, outro engraxador, o da Avenida da Liberdade, decidiu reformar-se. Eu já tinha economizado dinheiro suficiente para comprar o lugar dele, que era bem melhor que o meu...Assim fiz!

Finalmente, há cinco meses, a minha irmã, que era uma afamada prostituta no Intendente, foi atropelada, faleceu e deixou-me oito milhões de euros.

Meus senhores, desejam mais alguma coisa? Vão mas é trabalhar…»






Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.