Todo o bom alentejano “abala”, para um sítio qualquer, que normalmente é já ali.
O ser já ali é uma forma de dizer que não é muito longe, mas claro que qualquer aldeia perto aqui no Alentejo, está no mínimo a cerca de 30 km.
Só um alentejano sabe ser alentejano! Mais nada…
Um
alentejano “amanha” as suas coisas, não as arranja, um alentejano tem “cargas
de fezes”, não tem problemas, um alentejano “inteira-se das coisas” não fica a
saber… No Alentejo não há aldrabões há “pantomineiros” e aqui também não se
brinca, “manga-se”.
No
Alentejo não se deita nada fora, “aventa-se” qualquer coisa e come-se
“ervilhanas” ou “alcagoitas” (amendoins) e “brinhol” (farturas). Os alentejanos
não espreitam nada nem ninguém, apenas se “assomam”… E quando se “assomam”
muitas vezes podem mesmo ter dores nos “artelhos” (tornozelos)!
As coisas velhas são “caliqueiras” e muitas vezes viaja-se de
“furgonete” (carrinha de caixa aberta), algo que pode deixar as pessoas
“alvoreadas” (desassossegadas). Quando algo não corre bem, é uma “moideira”
(chatice) e ficamos “derramados” (aborrecidos) com a situação, levando muitas
vezes a que as pessoas acabem por “garrear” (discutir) umas com as outras e a
fazerem grandes “descabeches” (alaridos).
“Ainda-bem-não” (regularmente) as pessoas tem que puxar pela
“mona” (cabeça) para se desenrascarem quando muitas vezes a solução dos seus
problemas está mesmo “escarrapachada” (bem visível) à sua frente.
Não estou “repeso” (arrependido) de ter escrito esta pequena
crónica, com vista a lembrar detalhes do património oral, que nos é tão próximo
e muitas vezes de “bradar” aos céus. “Dei fé” (pesquisei) algumas expressões e
tentei não vos criar, a vós leitores, uma grande “moenga” (confusão), apenas
quero que guardem algumas destas expressões na vossa “alembradura” (lembrança)!
Ora porra, “atão” se não me virem por aqui é porque “Abalei”
(fui-me embora e pronto)…