A burra da formiga trabalha no duro o ano todo, constrói a
sua casa e acumula provisões para o Inverno.
Enquanto isso, a cigarra passa os dias no ginásio, no café ou
a arranjar as unhas de gel.
As noites são no “Biba la Noche” com as amigas.
Chegado o inverno, a formiga refugia-se em casa onde tem tudo
o que precisa até á primavera.
A cigarra, cheia de frio e de fome, vai ao programa da Cristina
queixar-se que não é justo que a formiga tenha direito a casa e comida quando
outros, com menos sorte que ela, passem frio e fome. O público diz que é uma
vergonha.
A CMTV não perde a oportunidade e faz um directo à porta de
casa da formiga, passando imagens da formiga ao quentinho com a mesa cheia de
comida.
O povo fica revoltado ao saber que o seu país, dito desenvolvido,
deixa sofrer a pobre cigarra enquanto que outros andam a viver à grande e à
francesa.
É organizada uma marcha de apoio à cigarra.
É feito um episódio especial do Prós e Contras - RTP onde se
questiona, como é que a formiga enriqueceu às custas da cigarra. De um lado da
bancada, os defensores da igualdade (pró-cigarra), do outro lado, os
sem-coração, que defendem a egoísta e insensível formiga.
Em resposta às mais recentes sondagens. O governo preparou
uma lei sobre a igualdade económica com efeitos retroactivos (desde o verão)
Os impostos da formiga aumentam consideravelmente e ainda
incorre numa multa por não ter prestado assistência à cigarra. Os descontos da
segurança social também sobem, de modo a ser justamente partilhados com a
cigarra.
A casa da formiga é penhorada pela finanças por não ter
conseguido pagar os impostos.
A formiga, decepcionada, faz as malas e emigra para um país
onde o seu esforço seja reconhecido e onde possa desfrutar dos frutos do seu
trabalho árduo.
A antiga casa da formiga é convertida numa habitação social
para cigarras. Irresponsavelmente, não
param de fazer filhos e vivem de doações
de comida, cerveja e coca-cola. O pouco que recebem dos descontos da formiga
mal dá para os bens essenciais, como por exemplo ténis da Nike. A casa
deteriora-se por falta de manutenção.
O governo é fortemente criticado pela falta de meios
colocados à disposição da cigarra, que vive agora em condições quase desumanas.
A oposição propõe uma comissão de investigação
multipartidária
que custará milhões de euros.
Entretanto a cigarra morre de overdose.
Os jornais e TVs garantem que a morte da cigarra se deveu à
falta de apoio social por parte do governo, que falhou em acabar com as
desigualdades sociais e a injustiça económica.
A casa acaba por ser ocupada por uma família de aranhas
imigrantes, traficantes de droga que aterrorizam a vizinhança.
O governo felicita-se pela diversidade cultural existente no
país.
Viva Portugal do deixa andar. Pois claro!
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.