sexta-feira, 14 de julho de 2023
quinta-feira, 6 de julho de 2023
O pai tinha razão
Era um filho que não gostava de viver na casa do pai, pela
constante ′'irritação'′ da sua parte.
′′Se não vai usá-lo, desliga o ventilador ′′
′′A TV está ligada na sala onde não está ninguém…Desligue!"
′′Feche a porta′′
′′Não gaste tanta água′′
O filho não gostava que o pai o incomodasse com essas
pequenas coisas.
Ele teve que tolerar até certo dia em que recebeu um convite
para uma entrevista de emprego.
''Assim que conseguir o emprego, vou sair desta cidade. Não
vou ouvir mais uma reclamação do meu pai."
Foi o que ele pensou…
Quando saiu para a entrevista, o pai aconselhou:
′′Responda às perguntas que lhe forem feitas sem hesitação.
Mesmo que não saiba a resposta, mencione com confiança."
O filho chegou no local da entrevista e percebeu que não
havia seguranças na porta. Embora a porta estivesse aberta para fora,
provavelmente era um incómodo para as pessoas que passavam ou entravam por ali.
Ele fechou a porta e entrou no escritório.
Em ambos os lados do caminho, ele pôde ver lindas flores, mas
o jardineiro deixara a torneira aberta e a água na mangueira não parava de
correr.
A água transbordava para a rua…
Ele levantou a mangueira, trocou de lugar e colocou perto de
outras plantas que precisavam dela.
Não havia ninguém na área da recepção, no entanto, havia um
anúncio onde dizia que a entrevista seria no primeiro andar.
Subiu lentamente as escadas.
A luz ainda estava acesa às 10 da manhã, provavelmente desde
a noite anterior…
Lembrou-se do aviso do pai:
′′ Porque saiu da sala sem apagar a luz?"
Parecia que eu podia ouvi-lo agora. Mesmo se sentindo
incomodado com este pensamento, procurou o interruptor e apagou a luz.
Em cima, num grande salão, viu mais pessoas sentadas
esperando por sua vez. Ele olhou para o número de pessoas e perguntou se eu
tinha alguma hipótese de conseguir o emprego.
Entrou no corredor um pouco nervoso e pisou no tapete de ′′Benvindo",
colocado perto da porta, mas percebeu estar de cabeça para baixo.
Endireitou então o mesmo tapete.
Hábitos são difíceis de esquecer.
Ele viu que nas filas da frente havia muitas pessoas
amontoadas esperando, enquanto nas filas de trás estavam vazias e vários
ventiladores estavam com esses bancos.
Ele ouviu a voz do pai de novo:
′′Porque é que os ventiladores estão conectados na área onde
ninguém está?"
Desligou os ventiladores que não eram necessários e sentou numa
das cadeiras vazias. Viu muitos homens entrarem na sala de entrevista e saírem
imediatamente por outra porta.
Então, não havia como alguém dissesse o que estava a perguntar
na entrevista. Quando chegou a vez dele, ele parou diante do entrevistador com
alguma preocupação.
O responsável pegou nos seus papéis e sem olhar, perguntou:
- Quando é que pode começar a trabalhar?
Ele pensou:
′′Será uma pergunta maliciosa que está a ser feita na
entrevista ou é sério que me estão a oferecer trabalho?"
Ao que o chefe disse:
- Não fazemos perguntas a ninguém aqui, pois acreditamos que
através delas não poderemos avaliar as competências de alguém. Portanto, o
nosso teste é avaliar as atitudes da pessoa.
Fizemos alguns testes baseados no comportamento dos
candidatos e observamos todos através das câmaras de vigilância.
Nenhum dos que vieram aqui fez nada para consertar a porta, a
mangueira, o tapete de boas-vindas, desligar os ventiladores ou as luzes que
estavam inutilmente ligadas.
Foi o único que fez isso, por isso decidimos selecionar-te
para o trabalho, - disse o chefe.
Sempre se incomodou com a disciplina do seu pai, mas neste
momento percebeu que, graças a isso, ele conseguiu o seu primeiro emprego.
A sua irritação e raiva pelo seu pai desapareceram
completamente, decidiu que levaria o seu pai também para o trabalho e retornou
para casa feliz.
Tudo o que os nossos pais nos dizem é apenas para nosso bem,
desejando um futuro brilhante para nós!
Para nos tornarmos seres humano de valor, precisamos aceitar
repreensões, correções e orientação, que eliminem os maus hábitos e
comportamentos. É isso que os nossos pais fazem quando nos disciplinam.
O nosso pai é nosso professor quando temos cinco anos; um ′′
vilão ′′ quando temos cerca de vinte anos e um guia a vida inteira.
As mães podem ir à casa dos filhos quando envelhecer; mas o
pai não sabe fazer isso.
Não adianta machucar os pais enquanto eles estão vivos e
lamentar quando eles forem embora.
Por favor, trate-os sempre bem...
terça-feira, 6 de junho de 2023
quarta-feira, 8 de março de 2023
Não é fácil viver sozinho
A solidão forja mais que mil martelos
Sempre que estive a viver sozinho, estava em trabalho ou a
batalhar as dores de um coração partido - pelo divórcio e pela viuvez -, ou,
por cobardia e medo, empenhado em pôr cobro a essa mesma solidão.
Quem diz que é fácil, mente.
Emparelhar faz parte do projecto da maioria das pessoas que
conheço; não me lembro de alguma vez ter ouvido alguém, do meu grupo de amigos,
dizer: Eu, quando for grande, vou estar sozinho, inteiro, entregue aos meus
cuidados.
Todos nascemos com um cesto e uma seta e andamos a disparar
que nem doidos por relações afins. Com sorte uns “matam” e ficam, permanecem,
resgatam, encostam-se à carcaça do defunto, ou encontram, na seta espetada, a
carne mais tenra do seu amor. Conheço muito pouca gente que não comente em fim
de linha, puxa, porque é que a Anabela está sozinha? Porque é que o Francisco
não arranja ninguém? Parecem ter vidas felizes, consta que se bastam, mas os
casais desconfiam e os solteiros, sem vocação, não compram.
A solidão é uma porcaria. A solidão que fique para quem gosta
muito de gatos, é imagem de velhice proscrita, de pessoa que perdeu a senha.
Ficar-se só pelo miar, pelo roçar casuístico e o abanar da cauda feliz, não é
para mim. Eu ainda quero abanar tudo, a cama, o sofá, as ideias e os tapetes.
A solidão forja mais que mil martelos. É cristal polido,
diamante laminado. Se até aqui achavas que estavas só, agora é só mesmo
contigo. A solidão opera a um nível tão celular, que a singularidade que gera
deixa-te sem lugar. Eu, se fosse a ti, arranjava alguém. Mas depressa, porque
se o processo se inicia, há vícios de amor-próprio difíceis de se negar.
Ama antes alguém, acima de a ti mesmo.
E agora, com a vossa licença, vou procurar a minha esposa, a
melhor amiga, a melhor amante e a minha sempre, namorada.
sábado, 25 de fevereiro de 2023
66
Há tempos assisti a um programa televisivo de talentos, onde
uma jovem cantou um tema que só a mãe tinha ouvido. Foi escrita para um irmão
que morreu cedo. Não decorei a letra, mas registei a frase: vem para fazermos
castelos no ar. Não tiveram tempo de o viver.
Ás vezes, também queria fazer castelos no ar. Daqueles que
sabemos não existir.
Os últimos anos não foram fáceis, mas em frente. Não se volta
atrás. Só há um caminho. Em frente.
Foram os outros anos anteriores muito distintos destes
últimos. Mas foram os primeiros que fizeram os segundos. Não mudava uma linha.
Talvez uma virgula ou outra. Tem sido nas reticências que me tenho feito.
Não tenho culpa. Quem acredita, consegue. Quem consegue,
acredita mais ainda.
E nesta liberdade de culpado ou inocente, cresci e fui
escolhendo. Mesmo no erro, eu é que sei. E sei que mesmo a viver sozinho, vivo
acompanhado de gente. Alguns conheço. Outros, nem por isso.
É muito difícil estar sozinho. Nestes 66, estive apenas
comigo. Não sei o que vem. Não preciso. O que vier, será meu. E se forem os
tais castelos no ar, tanto melhor.