segunda-feira, 28 de abril de 2014
sábado, 26 de abril de 2014
A vida são dois dias...
Certamente
já ouviu este dito popular. Ao pronunciá-lo, as pessoas querem transmitir-nos a
ideia de que tudo passa muito rápido, portanto, há que aproveitar enquanto cá
andamos, valorizando o que temos de bom e colocando "para trás das costas”
os aspectos menos felizes. Mas, em alturas de crises como esta que estamos a
atravessar, é difícil lembrarmo-nos disso. Olhamos à nossa volta e vemos tudo
negro. É como se colocássemos um pano escuro à frente dos olhos, que nos
impedem de ver os lados bonitos do dia. Ficamos irritados quando os amigos nos
dizem “não estejas assim, já viste que existe gente em pior condições que
tu”...pois, pensamos nós, com o mal dos outros...
Vivemos tão intensamente os
problemas que tudo o resto deixa de fazer sentido. Este tema lembra-me o filme A vida é bela, que considero uma
verdadeira obra-prima. Talvez até esteja um pouco sugestionada, mas, mostra-nos
como, apesar dos problemas, se consegue manter o optimismo e transmitir uma
mensagem de esperança. Não foi também por acaso que o famoso psicoterapeuta
Victor Frankl desenvolveu a sua teoria, procurando encontrar um sentido para a
vida, durante a estada num campo de concentração nazi. É fantástico pensar como
o ser humano consegue mobilizar energias a ponto de ultrapassar as mais duras
provações, sempre de cabeça erguida. Estes exemplos dão-nos esperança e é
verdade que “enquanto há esperança, há vida!”. A manutenção da esperança
repercute-se até a nível físico. Está hoje provado que somos mais do que um corpo,
pelo que os aspectos psicológicos têm um grande peso, mesmo no que concerne ao
adoecer corporal. Deixam-se vencer pela doença, baixando os braços, desistindo
até de viver e não conseguem ultrapassar os obstáculos que vão surgindo. Alguns
estudos feitos em Portugal têm mostrado que somos um país de deprimidos, que
somos os maiores consumidores de anti-depressivos e ansioliticos. A política
deixou de constituir um pólo de interesse, o desemprego e o custo de vida são
uma constante sempre em crescimento, as desistências da escola também, só nos
alegramos com os jogos de futebol, caso contrário andamos tristonhos e
enfadados com tudo e todos. O que nos resta afinal? Lamentarmo-nos, é claro.
Mas, o lamento, por si só, não resolve nada. É como viver permanentemente em
círculos, sem sairmos do lugar. Ou, como eu costumo dizer, passamos a vida a
correr atrás de nós próprios e nunca nos encontramos. Há que encontrar
soluções, operar mudanças na nossa vida, mesmo que pequeninas, porque desse
somatório pode resultar uma sociedade bastante melhor e mais optimista.
É certo que não podemos viver num permanente carnaval
mas, enquanto sambamos, carregamos energias. Existem inúmeras festas e romarias
por este país fora, nesta altura do ano. Porque não as aproveitar e as utilizar
de forma a encarar o futuro de uma maneira mais positiva. Façam-me um favor...Sejam
felizes!
Joaquim Maneta Alhinho
terça-feira, 22 de abril de 2014
segunda-feira, 7 de abril de 2014
O tempo e as máquinas
Se são muitos os pais que se preocupam
com o uso que os seus filhos, infantes e adolescentes, dão às horas que passam
nos seus computadores, são bastante menos os que se ocupam, de facto, com o
assunto.
A maioria destes pais, provavelmente,
nem sabe bem o que pode ou deve fazer nem quais os limites que tem de
estabelecer ao uso de um instrumento tão propagado e louvado.
Exactamente porque o
uso destes aparelhos aparece envolto numa aura de benefícios imensos, sem os
quais, aliás, parece não ser possível crescer e progredir, está fora de causa
responsabilizá-los pelos usos indevidos a que podem ser sujeitos.
Aparentemente, os computadores transformaram-se em utensílios básicos de estudo
e conhecimento com inevitáveis efeitos secundários, tão descritos quanto pouco
avaliados. Ainda assim, todos sabem nomear os tais usos indevidos que variam
entre as horas a jogar e as horas de eventuais contactos considerados como
perniciosos e, “desencaminhadores”. Como pano de fundo dos maiores medos
parentais, aparece o acesso a sítios em que o sexo seja o motivo de encontro e
conversa, com as inerentes fantasias, muito promovidas por séries de televisão,
de que o respectivo rebento se cruze com um serial
killer, com uma organização pedófila, ou tão simplesmente com um
exibicionista versão “ciber” que, ainda assim, destapa uma diferente espécie de
gabardina.
Com todas as
vantagens e desvantagens das maquinetas, tenho para mim que nem vale a pena
complicar nem desistir de estabelecer limites neste campo como em todos os
outros.
O maior problema do
uso dos computadores pelos mais novos não é o que lá se encontra, porque apenas
concentra e espelha aquilo que existe, e também se encontra, nos outros mundos
menos virtuais. O maior problema é mesmo o tempo despendido: a teclar, a jogar,
a pesquisar, a fazer o que quer que seja que se aproxime da obsessão e diminua
de forma significativa o investimento no mundo que gira à volta.
Apenas porque a vida
é sempre, aqui e agora, e o virtual um espaço de recurso, inverter os termos da
valorização facilita o que mais tememos: ficar isolados e descobrir aí um
enorme sentimento de solidão.
Joaquim
Maneta Alhinho
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