Certamente
já ouviu este dito popular. Ao pronunciá-lo, as pessoas querem transmitir-nos a
ideia de que tudo passa muito rápido, portanto, há que aproveitar enquanto cá
andamos, valorizando o que temos de bom e colocando "para trás das costas”
os aspectos menos felizes. Mas, em alturas de crises como esta que estamos a
atravessar, é difícil lembrarmo-nos disso. Olhamos à nossa volta e vemos tudo
negro. É como se colocássemos um pano escuro à frente dos olhos, que nos
impedem de ver os lados bonitos do dia. Ficamos irritados quando os amigos nos
dizem “não estejas assim, já viste que existe gente em pior condições que
tu”...pois, pensamos nós, com o mal dos outros...
Vivemos tão intensamente os
problemas que tudo o resto deixa de fazer sentido. Este tema lembra-me o filme A vida é bela, que considero uma
verdadeira obra-prima. Talvez até esteja um pouco sugestionada, mas, mostra-nos
como, apesar dos problemas, se consegue manter o optimismo e transmitir uma
mensagem de esperança. Não foi também por acaso que o famoso psicoterapeuta
Victor Frankl desenvolveu a sua teoria, procurando encontrar um sentido para a
vida, durante a estada num campo de concentração nazi. É fantástico pensar como
o ser humano consegue mobilizar energias a ponto de ultrapassar as mais duras
provações, sempre de cabeça erguida. Estes exemplos dão-nos esperança e é
verdade que “enquanto há esperança, há vida!”. A manutenção da esperança
repercute-se até a nível físico. Está hoje provado que somos mais do que um corpo,
pelo que os aspectos psicológicos têm um grande peso, mesmo no que concerne ao
adoecer corporal. Deixam-se vencer pela doença, baixando os braços, desistindo
até de viver e não conseguem ultrapassar os obstáculos que vão surgindo. Alguns
estudos feitos em Portugal têm mostrado que somos um país de deprimidos, que
somos os maiores consumidores de anti-depressivos e ansioliticos. A política
deixou de constituir um pólo de interesse, o desemprego e o custo de vida são
uma constante sempre em crescimento, as desistências da escola também, só nos
alegramos com os jogos de futebol, caso contrário andamos tristonhos e
enfadados com tudo e todos. O que nos resta afinal? Lamentarmo-nos, é claro.
Mas, o lamento, por si só, não resolve nada. É como viver permanentemente em
círculos, sem sairmos do lugar. Ou, como eu costumo dizer, passamos a vida a
correr atrás de nós próprios e nunca nos encontramos. Há que encontrar
soluções, operar mudanças na nossa vida, mesmo que pequeninas, porque desse
somatório pode resultar uma sociedade bastante melhor e mais optimista.
É certo que não podemos viver num permanente carnaval
mas, enquanto sambamos, carregamos energias. Existem inúmeras festas e romarias
por este país fora, nesta altura do ano. Porque não as aproveitar e as utilizar
de forma a encarar o futuro de uma maneira mais positiva. Façam-me um favor...Sejam
felizes!
Joaquim Maneta Alhinho
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