sábado, 26 de abril de 2014

A vida são dois dias...



Certamente já ouviu este dito popular. Ao pronunciá-lo, as pessoas querem transmitir-nos a ideia de que tudo passa muito rápido, portanto, há que aproveitar enquanto cá andamos, valorizando o que temos de bom e colocando "para trás das costas” os aspectos menos felizes. Mas, em alturas de crises como esta que estamos a atravessar, é difícil lembrarmo-nos disso. Olhamos à nossa volta e vemos tudo negro. É como se colocássemos um pano escuro à frente dos olhos, que nos impedem de ver os lados bonitos do dia. Ficamos irritados quando os amigos nos dizem “não estejas assim, já viste que existe gente em pior condições que tu”...pois, pensamos nós, com o mal dos outros...
Vivemos tão intensamente os problemas que tudo o resto deixa de fazer sentido. Este tema lembra-me o filme A vida é bela, que considero uma verdadeira obra-prima. Talvez até esteja um pouco sugestionada, mas, mostra-nos como, apesar dos problemas, se consegue manter o optimismo e transmitir uma mensagem de esperança. Não foi também por acaso que o famoso psicoterapeuta Victor Frankl desenvolveu a sua teoria, procurando encontrar um sentido para a vida, durante a estada num campo de concentração nazi. É fantástico pensar como o ser humano consegue mobilizar energias a ponto de ultrapassar as mais duras provações, sempre de cabeça erguida. Estes exemplos dão-nos esperança e é verdade que “enquanto há esperança, há vida!”. A manutenção da esperança repercute-se até a nível físico. Está hoje provado que somos mais do que um corpo, pelo que os aspectos psicológicos têm um grande peso, mesmo no que concerne ao adoecer corporal. Deixam-se vencer pela doença, baixando os braços, desistindo até de viver e não conseguem ultrapassar os obstáculos que vão surgindo. Alguns estudos feitos em Portugal têm mostrado que somos um país de deprimidos, que somos os maiores consumidores de anti-depressivos e ansioliticos. A política deixou de constituir um pólo de interesse, o desemprego e o custo de vida são uma constante sempre em crescimento, as desistências da escola também, só nos alegramos com os jogos de futebol, caso contrário andamos tristonhos e enfadados com tudo e todos. O que nos resta afinal? Lamentarmo-nos, é claro. Mas, o lamento, por si só, não resolve nada. É como viver permanentemente em círculos, sem sairmos do lugar. Ou, como eu costumo dizer, passamos a vida a correr atrás de nós próprios e nunca nos encontramos. Há que encontrar soluções, operar mudanças na nossa vida, mesmo que pequeninas, porque desse somatório pode resultar uma sociedade bastante melhor e mais optimista.
É certo que não podemos viver num permanente carnaval mas, enquanto sambamos, carregamos energias. Existem inúmeras festas e romarias por este país fora, nesta altura do ano. Porque não as aproveitar e as utilizar de forma a encarar o futuro de uma maneira mais positiva. Façam-me um favor...Sejam felizes!



                    Joaquim Maneta Alhinho                          

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