terça-feira, 20 de novembro de 2012

Adelaide Ferreira - Há Quanto Tempo (Eu Espero)



Foi um previlégio ter escrito este tema para esta voz magnifica. Para mim, uma das melhores vozes femininas a cantar em Portugal. Esta canção fez parte da telenovela da TVI,  «Dei-te quase tudo» e foi um sucesso estrondoso. Hoje, um pouco esquecida pelas rádios... De quando em vez vai ainda rolando.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Consequência da verdade

Todas as áreas de conhecimento humano são mutáveis.
Aquilo que sabemos agora não é o mesmo que saberemos daqui a uns anos, e aquilo que hoje tomamos como certo e como adquirido diz-nos a experiência que será um dia obsoleto e risível.
Se no mundo dito tecnológico - um mundo que encara como meramente instrumental - estas mudanças são tão rápidas que todos nós mal nos lembramos de como era viver na década passada, sem telemóveis nem computadores, no mundo das ideias dir-se-ia que tudo pia mais fino.
Parece estranho que dividamos o conhecimento em fatias e façamos de conta que a tecnologização rápida pode ser asséptica e inconsequente na forma como encaramos o mundo e as relações entre pessoas e povos. Parece, e é, estranho que façamos de conta que os meios e o tempo gasto na persecução de fins ou de objectivos não toquem a essência última dessas metas arvoradas em sentidos de realização ou de vida. Ou seja, e cortando a direito, não dá para fazer de conta que termos feito, enquanto sociedade, uma escolha tecnológica não tem consequências na forma como olhamos o mundo e como nos situamos na relação com os outros.
Mas o facto é que formas e conteúdos se imbricam intimamente.
Não é exactamente a mesma coisa falar diariamente com alguém que está no outro lado do mundo, vendo-o por câmara, ou escrever longas cartas no silêncio da noite olhando para uma fotografia que, de dia para dia, vai desbotando.
Não é a mesma coisa escrever lentamente à mão, procurando a palavra perfeita que exprima a ideia que se esboça, evitando a rasura e a emenda, do que cortar e colar textos já escritos de muitas origens e de muitos diferentes momentos.
Não é a mesma coisa esperar que as estações do ano determinem as tarefas, o acordar e o deitar, a roupa que se veste e os tempos de socialização do que viver em ar condicionado com ocupações indiferentes ao ritmo dos dias.
Porque é diferente, porque o mundo que criámos cria em nós formas de estar e ser de um tipo que não sabemos precisar, não são desprezíveis os contornos das mudanças que nos mudam.
Mesmo que não queiramos, mesmo que não saibamos, o jogo continua: verdade ou consequência.

sábado, 10 de novembro de 2012

A falta de auto-estima

Nos escaparates os temas de moda e elegância são sempre actuais, e é ver páginas e páginas de revistas dedicadas à beleza, a dietas milagreiras que devolvem silhuetas esplenderosas e, mais recentemente, à cirurgia estética, que parece abrir as portas difinitivas de um novo modo de estar bem, ser bonito ou estar conforme.
Por qualquer estranhíssima razão, ainda há quem fale de cirurgia estética em termos de ser a favor ou contra, como se também ela se prestasse a ser um daqueles temas fracturantes e essenciais.
Como de costume, de um lado ficam os que acham que tentar enganar o tempo ou subverter, por apoio das técnicas existentes, aquilo que a Natureza na sua incompreensível sabedoria decidiu, é uma fraude terrível, de um outro lado, ficam os que acreditam que vale a pena deitar a mão a tudo o que nos possa fazer sentir melhor a qualquer nível.
Mesmo que criticando, até os críticos, visivelmente, se rendem. O facto é que as cirurgias estéticas crescem como pãezinhos bem fermentados e cada vez mais pessoas tiram rugas, gorduras e proeminências indesejadas e põem formas arredondadas onde a moda diz que devem estar.
Para lá do folclore que se cria à volta como se fosse, de facto, um tema substancial, há uma recorrente invocação da cirurgia estética (mas também de todos os outros procedimentos estéticos menos invasivos) como uma medida destinada ao bem-estar psicológico e, subretudo, à bendita auto-estima.
A teoria é de uma simplicidade extrema: se acho que pareço mal, mudo a minha aparência e, com isso, melhoro a minha auto-estima. Pode ser. Mas também pode ser exactamente o contrário. Pode ser que seja, porque tenho uma auto-estima baixa, que me sujeito a procedimentos caros e mesmo dolorosos que me permitem, durante algum tempo, a ilusão de gostar mais de mim. Quando o efeito passa, quer dizer, quando descubro que a vida não muda na medida dos meus desejos por me sentir mais bonito, é provável que descubra que a falta de auto-estima não se trata com procedimentos estéticos.
Dizendo de outra maneira: não sei se melhora misturar os alhos com os bugalhos e querer acreditar que se trata a auto-estima com procedimentos estéticos ou narizes tortos com psicoterapia.

Concluí o meu 4.º Romance

Ao concluir o meu 4.º romance, sinto-me como uma criança que apanha e brinca na areia da praia, conchas e pedras polidas.
Décadas de dedicação à escrita, nas suas mais variadas vertentes, quer como jornalista profissional, autor de argumentos para televisão, letras para os mais variados cantores da música portuguesa, escritor (livro de poesia e prosa - «Imagens Escritas»), entre muitas outras palavras escritas para blogues e recentemente autor de anúncio publicitário televisivo para o Grupo Sonae.
Foram muitas horas, dias, anos, a escrever, a escrever e a escrever. Foram muitas as páginas em branco que preenchi com sentimentos, emoções, ficção e muito realismo (casos de vidas reais).


A escrita para mim não é um divertimento, mas sim uma necessidade, quase, como se fosse fisiológica.