sábado, 10 de novembro de 2012

A falta de auto-estima

Nos escaparates os temas de moda e elegância são sempre actuais, e é ver páginas e páginas de revistas dedicadas à beleza, a dietas milagreiras que devolvem silhuetas esplenderosas e, mais recentemente, à cirurgia estética, que parece abrir as portas difinitivas de um novo modo de estar bem, ser bonito ou estar conforme.
Por qualquer estranhíssima razão, ainda há quem fale de cirurgia estética em termos de ser a favor ou contra, como se também ela se prestasse a ser um daqueles temas fracturantes e essenciais.
Como de costume, de um lado ficam os que acham que tentar enganar o tempo ou subverter, por apoio das técnicas existentes, aquilo que a Natureza na sua incompreensível sabedoria decidiu, é uma fraude terrível, de um outro lado, ficam os que acreditam que vale a pena deitar a mão a tudo o que nos possa fazer sentir melhor a qualquer nível.
Mesmo que criticando, até os críticos, visivelmente, se rendem. O facto é que as cirurgias estéticas crescem como pãezinhos bem fermentados e cada vez mais pessoas tiram rugas, gorduras e proeminências indesejadas e põem formas arredondadas onde a moda diz que devem estar.
Para lá do folclore que se cria à volta como se fosse, de facto, um tema substancial, há uma recorrente invocação da cirurgia estética (mas também de todos os outros procedimentos estéticos menos invasivos) como uma medida destinada ao bem-estar psicológico e, subretudo, à bendita auto-estima.
A teoria é de uma simplicidade extrema: se acho que pareço mal, mudo a minha aparência e, com isso, melhoro a minha auto-estima. Pode ser. Mas também pode ser exactamente o contrário. Pode ser que seja, porque tenho uma auto-estima baixa, que me sujeito a procedimentos caros e mesmo dolorosos que me permitem, durante algum tempo, a ilusão de gostar mais de mim. Quando o efeito passa, quer dizer, quando descubro que a vida não muda na medida dos meus desejos por me sentir mais bonito, é provável que descubra que a falta de auto-estima não se trata com procedimentos estéticos.
Dizendo de outra maneira: não sei se melhora misturar os alhos com os bugalhos e querer acreditar que se trata a auto-estima com procedimentos estéticos ou narizes tortos com psicoterapia.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.