O nosso admirável mundo sempre foi pleno de contradições e assimetrias.
Caracteristicas essas que têm sido consideradas como bases em que assentam os mais relevantes e violentos conflitos que atravessam tempos e latitudes. Daí que o desenvolvimento civilizacional em que alinhámos a partir de uma fase a que passámos a chamar Modernidade se tenha voltado para ideias promotoras de valores conducentes ao seu esbatimento.
Essas ideias, que têm sofrido transformações e ajustamentos e não as traves-mestres da nossa organização social, mais coisa menos coisa, vão no sentido de valorizar o significado da vida e dignidades humanas.
Mesmo que depois demos conta que implementar essas ideias consensuais nas práticas quotidianas seja uma tarefa nunca acabada, o facto é que as passamos de geração em geração como boas e a maioria de nós, pelo menos de vez em quando, aflige-se de forma consequente com as contradições e assimetrias que fazem de uns seres humanos filhos e de outros enteados.
Em época assumidamente de vacas magras, talvez já esqueléticas, aparece, no entanto, um discurso estapafúrdio sobre a crise.
Alguns defendem que a crise não existe, porque as praias estão cheias, os festivais de Verão também, os iPhone e outros derivados vendem como se fossem precisos e toda a gente está na rua a passear como se não houvesse razões de preocupação.
A acrescentar aos argumentos, ainda se pode invocar as casas caras e os carros potentes que se continuam a vender bem e, já agora, as lojas cheias nos saldos, os centros comerciais sempre a crescer, os restaurantes e os espectáculos que vão tendo público.
Isto para não falar nos ordenados dos gestores públicos ou dos futebolistas, de uma ou outra festa de arromba ou das viagens que algumas pessoas populares fazem nas férias.
Por qualquer extraordinária razão, agarra-se nas sitauações que exemplificam o excepcional ou o estouvado para generalizar e não concluir o óbvio: que hoje como sempre continuam a existir de forma acentuada contradições e assimetrias.
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