sábado, 10 de maio de 2014

Expressões do Adolescentes



Desde os anos 70 que se tem vindo a notar uma fornada de palavras (expressões/calões) que têm sido acrescidas até aos dias de hoje.
Foram os adolescentes que passaram esta nova “moda” linguística aos mais velhos.
Numa breve pesquisa encontrámos diversas “palavras” e que julgo não estará com certeza completo.
Faltarão aqui algumas, ou muitas expressões...

Anos 70

Fatela: Aplicava-se a coisas, roupa ou pessoas de gosto duvidoso. No liceu, quem era fatela tinha, por norma, o nível de popularidade irremediavelmente comprometido.

Fosga-se: Parecia que era, mas não era. E sempre matava a vontade de dizer um palavrão sem cair em pecado. Não queria dizer nada de especial, só demonstrava espanto.

Vai-te catar: Podia surgir no fim de uma discussão ou se um amigo descobria que o outro estava a gozar com ele. Era o mesmo que dizer “vai passear” ou “vai bugiar”.

Anos 80

Meu: Era uma espécie de ponto final das frases, nas conversas com os amigos: “Estás bem, meu? Não imaginas, meu!”

Iá: Se o “meu” percebesse o que o outro estava a dizer, respondia “iá”, que era o mesmo que “sim” ou “hum, hum”.

Baril: Um tipo baril era alguém com boa onda, de quem todos queriam ser amigos.

Fixe: O significado era o mesmo que baril, mas fixe era uma espécie de aspirina: servia para tudo: desde as calças até à stôra de Matemática.

Bute: Dito com um ar decidido, era um tiro de partida. Quando alguém dizia “bute” convidava os outros a seguirem-no.



Anos 90

Bué: A palavra chegou a Portugal com os retornados, em 1975, e vem de uma das línguas mais faladas em Angola, o quimbundo. Primeiro só circulava entre os que vieram de África. Depois, não havia miúdo que não o usasse em vez de “muito”. Dizer “bué” era bué da fixe. A palavra ainda dura.

Bacano: Uma espécie de baril dos anos 90. Um bacano era um gajo porreiro.

Bezana: O mesmo que buba ou bebedeira. Resultava da ingestão de vários copos a mais.

Tá a bazar: Maneira fixe e uma verdadeira alternativa ao enfadonho e engomado “vamo-nos embora?”

Cena: Servia para tudo, como coisa. Uma cena podia ser fixe ou terrível, mas também se podia contar uma cena a alguém. Estão a perceber a cena? Perpetuasse até aos dias de hoje.

Chunga: Já se usava antes, mas depois do Herman José criar a personagem do Zé Chunga, tudo o que era de baixo nível passou a ter direito a este rótulo, que se mantém actual.

Cota: Mais uma herança do Ultramar: em Angola, um cota era um velho respeitável. Cá, é só um velho, ou então o pai ou a mãe.


Anos 2000

Dah: Burro. Sinónimo de “tecla 3”, o botão dos telemóveis que juntavam as DEF, início da palavra deficiente. Não era um elogio, portanto.

Tipo: Foi (e é) uma das maiores pragas da linguagem juvenil. Eles tipo dizem tipo isso para tipo tudo. Não quer dizer nada.

Mitra: É o chunga do novo milénio. O dicionário Priberam da Língua Portuguesa diz que se refere a uma “pessoa considerada reles”.

Nice: A palavra é inglesa, mas já foi adaptada. Os miúdos usam-na quase tanto como as portuguesas fixe, bom, espectacular.

Cool: O mesmo que nice: E fixe: E bom, espectacular.


Anos 2010

Troll: O mesmo que mongo, anormal.

À Boss: Também se diz “à patrão”. Significa que alguém conseguiu alguma coisa especial, ou foi tratado de maneira especial.

Muita Forte: Quando alguém é “muita forte” pode até não ter grandes músculos, mas pode ser só um cromo com a mania de que é bom.

Chillar: Baza aí chillar uma beca? Se não tem filhos adolescentes, aqui vai a tradução: “Embora aí descontrair um bocado?”

OMG: Lê-se “Oh my god” e fica a meio caminho entre o espanto e o êxtase. Muito popular nas redes sociais.

SOC’: Lê-se “sóss” e é a abreviatura de sócio. Ficou herança do vídeo do chinês de Paulo Futre. Quer dizer amigo.


Brutal: De zero a 10, brutal é 20. Ninguém quer perder uma festa ou um concerto assim.

JMA


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