Desde os anos 70 que se tem
vindo a notar uma fornada de palavras (expressões/calões) que têm sido acrescidas até aos dias de hoje.
Foram os adolescentes que
passaram esta nova “moda” linguística aos mais velhos.
Numa breve pesquisa encontrámos diversas “palavras” e que julgo não estará com certeza completo.
Faltarão aqui algumas, ou
muitas expressões...
Anos 70
Fatela: Aplicava-se a coisas, roupa ou pessoas de gosto
duvidoso. No liceu, quem era fatela tinha, por norma, o nível de popularidade
irremediavelmente comprometido.
Fosga-se: Parecia que era, mas não era. E sempre matava a
vontade de dizer um palavrão sem cair em pecado. Não queria dizer nada de
especial, só demonstrava espanto.
Vai-te catar: Podia surgir no fim de uma discussão ou se um amigo
descobria que o outro estava a gozar com ele. Era o mesmo que dizer “vai
passear” ou “vai bugiar”.
Anos
80
Meu: Era uma
espécie de ponto final das frases, nas conversas com os amigos: “Estás bem,
meu? Não imaginas, meu!”
Iá: Se o
“meu” percebesse o que o outro estava a dizer, respondia “iá”, que era o mesmo
que “sim” ou “hum, hum”.
Baril: Um
tipo baril era alguém com boa onda, de quem todos queriam ser amigos.
Fixe: O
significado era o mesmo que baril, mas fixe era uma espécie de aspirina: servia
para tudo: desde as calças até à stôra de Matemática.
Bute: Dito
com um ar decidido, era um tiro de partida. Quando alguém dizia “bute”
convidava os outros a seguirem-no.
Anos 90
Bué: A palavra
chegou a Portugal com os retornados, em 1975, e vem de uma das línguas mais
faladas em Angola, o quimbundo. Primeiro só circulava entre os que vieram de
África. Depois, não havia miúdo que não o usasse em vez de “muito”. Dizer “bué”
era bué da fixe. A palavra ainda dura.
Bacano: Uma
espécie de baril dos anos 90. Um bacano era um gajo porreiro.
Bezana: O
mesmo que buba ou bebedeira. Resultava da ingestão de vários copos a mais.
Tá a bazar: Maneira
fixe e uma verdadeira alternativa ao enfadonho e engomado “vamo-nos embora?”
Cena: Servia
para tudo, como coisa. Uma cena podia ser fixe ou terrível, mas também se podia
contar uma cena a alguém. Estão a perceber a cena? Perpetuasse até aos dias de
hoje.
Chunga: Já
se usava antes, mas depois do Herman José criar a personagem do Zé Chunga, tudo
o que era de baixo nível passou a ter direito a este rótulo, que se mantém
actual.
Cota: Mais
uma herança do Ultramar: em Angola, um cota era um velho respeitável. Cá, é só
um velho, ou então o pai ou a mãe.
Anos 2000
Dah: Burro.
Sinónimo de “tecla 3”, o botão dos telemóveis que juntavam as DEF, início da
palavra deficiente. Não era um elogio, portanto.
Tipo: Foi (e
é) uma das maiores pragas da linguagem juvenil. Eles tipo dizem tipo isso para
tipo tudo. Não quer dizer nada.
Mitra: É o
chunga do novo milénio. O dicionário Priberam da Língua Portuguesa diz que se
refere a uma “pessoa considerada reles”.
Nice: A
palavra é inglesa, mas já foi adaptada. Os miúdos usam-na quase tanto como as
portuguesas fixe, bom, espectacular.
Cool: O
mesmo que nice: E fixe: E bom,
espectacular.
Anos 2010
Troll: O
mesmo que mongo, anormal.
À Boss: Também
se diz “à patrão”. Significa que alguém conseguiu alguma coisa especial, ou foi
tratado de maneira especial.
Muita Forte: Quando
alguém é “muita forte” pode até não ter grandes músculos, mas pode ser só um cromo
com a mania de que é bom.
Chillar: Baza
aí chillar uma beca? Se não tem filhos adolescentes, aqui vai a tradução:
“Embora aí descontrair um bocado?”
OMG: Lê-se
“Oh my god” e fica a meio caminho entre o espanto e o êxtase. Muito popular nas
redes sociais.
SOC’: Lê-se
“sóss” e é a abreviatura de sócio. Ficou herança do vídeo do chinês de Paulo
Futre. Quer dizer amigo.
Brutal: De
zero a 10, brutal é 20. Ninguém quer perder uma festa ou um concerto assim.
JMA
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