domingo, 29 de novembro de 2020

OS FILHOS DO TELEMÓVEL!

 

Antes perdíamos os filhos nas praias, nos bares, hoje perdemo-los dentro do quarto!

Quando brincavam na rua ou nos quintais ouvíamos as suas vozes, escutávamos as suas fantasias e ao ouvi-los, mesmo à distância, sabíamos o que se passava nas suas mentes.

Quando entravam em casa não existia uma TV em cada quarto, nem dispositivos electrónicos nas suas mãos.

Hoje, não escutamos as suas vozes, não ouvimos os seus pensamentos nem as suas fantasias, as crianças estão ali, dentro dos seus quartos e, por isso, pensamos estarem em segurança.

Quanta imaturidade a nossa‼️

Agora ficam com os auscultadores nos ouvidos, trancados nos seus mundos, construindo personagens ilusórias, sem que saibamos por onde navegam.

Perdem literalmente a vida, ainda vivos em corpos, mas mortos nos relacionamentos com os pais, com os irmãos e até com os amigos, fechados num mundo global de tanta informação e estímulos, de modismos passageiros, que em nada contribuem para a formação das crianças seguras e fortes, sem decisões moralmente corretas, nem de acordo com os princípios éticos e valores familiares.

Dentro dos seus quartos perdemos os filhos, pois não sabem mais quem são, porque já estão “mortos” da sua identidade. Tornam-se uma mistura de tudo aquilo, pelo qual eles têm sido influenciados.

São inúmeras as famílias doentes, com os filhos “mortos” dentro de quatro paredes.




 

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Festival da Canção RTP/2021

 Não vou partir telemóveis nem regar o jardim da minha avó.

A minha canção a concurso para o Festival da Canção da RTP/2021 já foi entregue com sucesso, com todas as exigências que o regulamento determina.
O tema (letra e música) são da minha autoria, com orquestração de um grande compositor português que não posso revelar o nome.
Não posso também, mencionar o titulo da canção, mas posso adiantar que se trata de um livro rasgado em pedaços que alguém um dia conseguiu juntar as metades.
O interprete também ainda não foi escolhido. Haja sorte...
Eu apostei forte. Só desejo que seja selecionada.




quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Ai século XXI...Para ONDE vais?

 

Aqui, o amor tornou-se numa mala carregada de notas.

Onde perder o telemóvel é pior do que perder os valores morais. Onde a moda é fumar e beber, e se não o fizeres, és um cota obsoleto.

Onde a casa de banho se transforma num estúdio fotográfico e a igreja, o lugar perfeito para a cusquice habitual.

Século XXI, onde o serviço de entrega de pizza chega mais rápido do que a ambulância. 

Onde as pessoas morrem de medo de terroristas e criminosos, muito mais do que temem a Deus.

Onde as roupas decidem o valor de uma pessoa e ter dinheiro é mais importante do que ter amigos ou até mesmo uma família.

Século XXI, onde as crianças ignoram os pais, pelo amor virtual de uma tablet ou num computador.

Onde os pais se esquecem de reunir a família à mesa para um jantar harmonioso.

Onde homens e mulheres muitas vezes, só pretendem relacionamentos sem obrigações e o seu único "compromisso" é fazer poses para fotos, colocar nas redes sociais com juramento de amor eterno.

Onde o sexo se tornou público ou num filme pornográfico.

Onde o mais popular ou o mais seguido com mais “gostos” em fotos é aquele que aparenta esbanjar felicidade, em locais paradisíacos, rodeados por "amizades vazias" com "amores incertos" e "famílias desunidas".

Onde vale mais uma lipoaspiração para ter o corpo desejado do "mundo artístico" do que um bom ofício ou um diploma universitário.

Onde uma foto no ginásio tem muito mais “gostos” do que uma foto a estudar ou em trabalho voluntário.

Século XXI, aqui só sobrevive quem jogar com a "razão" e será destruído quem agir com o coração!

Ai pois é…



quinta-feira, 5 de novembro de 2020

E quando nos tornamos invisíveis...

 

Não! Não deveríamos envelhecer. Chegado os 90 anos dormíamos, para nunca mais acordar neste planeta, para não sermos humilhados quando mais precisamos de atenção, compreensão e carinho...

Já não sei em que data estamos, nesta casa não há calendários, e na minha memória tudo está irremediavelmente revolto. As coisas antigas foram desaparecendo. E eu também " fui-me apagando " sem que ninguém desse conta. Ao crescer a família, trocaram-me de quarto. Depois, passaram-me para outro menor ainda, acompanhada das minhas netas, agora ocupo aquele "anexo" traseiro, no fundo do quintal.

Prometeram-me mudar o vidro partido da janela, mas "esqueceram-se"...  As noites são frias e sopra por ali um ventinho gelado, que aumentam mais e mais as minhas dores reumáticas.

Um dia, à tarde, dei conta que a minha voz tinha desaparecido. Quando falo, os meus filhos e netos não me respondem. Conversam sem olhar para mim, como se eu não estivesse ali. Às vezes digo algo, acreditando que apreciarão os meus conselhos, mas nem me olham! Retiro-me para o meu canto, antes de terminar o meu "café" deslavado. Agora sou INVISÍVEL...

Estive três dias a chorar no meu quarto, até que numa certa manhã, um dos netos entrou para guardar umas coisas velhas. Imaginem que nem sequer "bom dia" me deu! Foi então que me convenci, de que sou mesmo invisível.

Recentemente, os netos vieram dizer-me que iríamos passear ao campo. Fiquei muito feliz, há tanto tempo que não saía daquele lugar!

Fui a primeira a acordar e a levantar-me. Quis arrumar as coisas com calma, afinal, nós (os velhos) somos mais lentos, assim arranjei-me a tempo de não os atrasar. De repente, todos entravam e saíam num frenesim louco, correndo ruidosamente pela casa, atirando bolas e brinquedos para o carro.

Eu já estava pronta e muito alegre, parei na porta e fiquei à espera. Quando os vi partir, compreendi que não estava convidada, não fazia parte dos planos, talvez porque, a lotação do carro estava esgotada.

Senti que o coração encolhia e o queixo tremia, como alguém que tem vontade de chorar. Eu até os entendo, são jovens, sorriem, sonham, abraçam-se, beijam-se... E eu?!?!?! Bem, eu... Antes beijava os meus netos, adorava tê-los nos braços. Eram meus! Até cantava canções de embalar que já tinha esquecido. Mas um dia...

Um dia a minha neta que acabara de ter um bebé disse-me: - "Não é bom que os "velhos" beijem os bebés por "questões de saúde". Desde então, não me aproximo mais deles, tenho tanto medo de "contagiá-los"!

Definitivamente, tornei-me invisível…

Já alguma vez se sentiu invisível em algum lugar?

 


terça-feira, 3 de novembro de 2020

O Corpo de Dor


Os resíduos de dor deixados para trás por uma forte emoção negativa que não foi totalmente sarada, aceite e depois abandonada juntam-se, formando um campo energético que vive dentro das próprias células do nosso corpo.

Não consiste apenas na dor da infância, mas também nas emoções dolorosas que lhe foram acrescentadas posteriormente, durante a adolescência e a vida adulta, muitas delas criadas pela voz do ego. É a dor emocional que nos acompanha inevitavelmente quando uma falsa noção de identidade constitui a base da nossa vida.

A este campo energético de emoções antigas, mas ainda muito vivas, que habita dentro de quase todos os seres humanos dou o nome de corpo de dor.

Contudo, o corpo de dor não tem uma natureza apenas individual. Também acarreta a dor sofrida por inúmeros seres humanos ao longo da História da Humanidade, que é uma história de permanentes guerras tribais, de escravidão, pilhagens, violações, tortura e outras formas de violência.

Esta dor ainda vive na psico coletiva da Humanidade e é ampliada diariamente, como podemos verificar nas notícias ou nos dramas das relações interpessoais.

O corpo de dor colectivo provavelmente já faz parte do DNA de todos os seres humanos, apesar de ainda não o termos descoberto.

Lamentavelmente, digo eu!