sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Onde o vento faz a curva


Não pretendo dizer quem fui nem que nome eu tive. De nada adiantará qualquer tentativa de apresentação, já que sou imaterial, não tenho mais o fôlego da vida, não existo mais. Morri há dois anos e desde então venho inexistindo, no vácuo que há entre aqueles com quem convivi de perto por muitos anos. Contudo, para mim o tempo não conta mais, porque não sou um ser vivo, sou apenas um sopro energizado e ninguém é capaz de me ver ou de me sentir, embora eu consiga ver todos com quem convivi quando eu era matéria e tinha um corpo. Posso assistir à continuidade da existência de cada um como se eu ainda estivesse entre eles e, na verdade, pelo menos para mim, eu continuo a estar no meio deles, apesar de não coexistir e eles não serem capazes de me ver ou de se aperceberem da minha presença.

E ao que assisto, nem vale a pena contar…Coitados!




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