Não pretendo
dizer quem fui nem que nome eu tive. De nada adiantará qualquer tentativa de
apresentação, já que sou imaterial, não tenho mais o fôlego da vida, não existo
mais. Morri há dois anos e desde então venho inexistindo, no vácuo que há entre
aqueles com quem convivi de perto por muitos anos. Contudo, para mim o tempo
não conta mais, porque não sou um ser vivo, sou apenas um sopro energizado e
ninguém é capaz de me ver ou de me sentir, embora eu consiga ver todos com quem
convivi quando eu era matéria e tinha um corpo. Posso assistir à continuidade
da existência de cada um como se eu ainda estivesse entre eles e, na verdade,
pelo menos para mim, eu continuo a estar no meio deles, apesar de não coexistir
e eles não serem capazes de me ver ou de se aperceberem da minha presença.
E ao que
assisto, nem vale a pena contar…Coitados!
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