Olhou novamente em 360º e não vislumbrou ninguém. Entrou no jipe
pegou na mala da Raquel, vasculhando-a até encontrar as chaves do seu carro.
Sem perder mais tempo, regressou a Almada. Dirigiu-se à pensão
da D. Adelaide e pediu-lhe um último favor.
- Não se importa de levar o meu carro até ao Cabo Espichel,
em Sesimbra. Dar-lhe-ei uma nota de 100 euros por este serviço. Fique
estacionada junto à Igreja da Nossa Senhora do Cabo.
- Está bem. – aludiu a Adelaide.
O arquitecto Duarte enquanto a hospedeira se colocava em
marcha foi buscar o carro da Raquel.
Já no Cabo Espichel, o amante da Raquel e o melhor amigo do
seu esposo Toni, tinha-se desfeito do carro empurrando-o ravina abaixo até ao
mergulho chapado nas águas do Oceano Atlântico.
A Adelaide esperava-o no local combinado e sem demoras
regressaram a Almada.
Duarte dirigiu-se para a sua moradia nos Capuchos, na Costa
da Caparica. A sua esposa Luísa não o esperava tão cedo e tinha uma notícia
para lhe dar.
- Então o que se passa?
- O Toni já telefonou várias vezes para aqui e para o teu
escritório para saber se nós temos conhecimento do paradeiro da Raquel, dado
que ainda não apareceu em casa a esta hora. – rematou a Luísa.
- E nós é que sabemos onde anda a Raquel? Boa…Se calhar foi
até à FNAC do “Almada Fórum” comprar algum livro, como é seu hábito?
Duarte pegou no telefone e ligou ao seu grande amigo Toni.
- Olá Toni. Então amigo? A Raquel já chegou ou deu algum
sinal?
- Não Duarte. Não sei nada dela…Ela saiu da cabeleireira às
onze e quarenta e cinco e não sei onde está?
- Espera um pouco que vou ter contigo e vamos dar uma volta
pelos locais que habitualmente frequentava. Já ligaste para o telemóvel dela?
- Já Duarte, ela esqueceu-se dele na mesa do hall de entrada.
Anda uma cabeça oca…
- Não penses assim Toni, eu por exemplo também me esqueci do
meu no escritório. Acontece a qualquer um…Eu já vou ter contigo, ok?
- Ok amigo. Muito obrigado!
Todos os locais foram passados a pente fino pelos dois amigos
e nem rasto da Raquel. Resolveram dirigir-se às autoridades policiais a fim de
formalizar a queixa do seu desaparecimento.
Foram muitas as diligências e investigações efectuadas pelas
várias entidades da polícia e nem uma pista sequer sobre o seu paradeiro, nem o
da sua viatura.
Os dias e os meses foram passando e pistas da Raquel não
existem. Toni não se conforta e questiona-se sobre os motivos do
desaparecimento da sua esposa. Não consegue entender o que a levou ao sumiço
sem deixar rasto. O que lhe teria acontecido? Falaram-se de tantas hipóteses e
nenhuma deu resultados palpáveis.
Duarte manteve-se sempre inalterável na sua postura, sem dar
mostras de qualquer sinal de arrependimento. Uma frieza tumular…
Passaram-se, entretanto, os anos e o Toni continua a viver
sozinho, na esperança que um dia, volte a reaver a sua esposa e amada Raquel.
Duarte, bem-sucedido profissionalmente nos seus projectos,
persiste em ter uma amante, a sua secretária administrativa, e serve-se novamente
da mesma pensão para os seus encontros amorosos.
O que o Duarte não sabia é que a sua dedicada esposa Luísa,
também se serve da mesma pensão há anos, para se encontrar com o seu antigo
colega e namorado dos tempos de liceu.
Será este o crime perfeito?
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