Se são muitos os pais que se preocupam com o uso que os seus filhos, infantes e adolescentes, dão às horas que passam nos seus computadores, são bastante menos os que se ocupam, de facto, com o assunto.
A maioria destes pais, provavelmente, nem sabe bem o que pode ou deve fazer nem quais os limites que tem de estabelecer ao uso de um instrumento tão propagado e louvado.
Exactamente porque o uso destes aparelhos aparece envolto numa aura de benefícios imensos, sem os quais, aliás, parece não ser possivel crescer e progredir, está fora de causa responsabilizá-los pelos usos indevidos a que podem ser sujeitos. Aparentemente, os computadores transformaram-se em utensílios básicos de estudo e de conhecimento com inevitáveis efeitos secundários, tão descritos quanto pouco avaliados. Ainda assim, todos sabem nomear os tais usos indevidos que variam entre as horas a jogar e as horas de eventuais contactos considerados como perniciosos e "desencaminhadores". Como pano de fundo dos maiores medos parentais, aparece o acesso a sítios em que o sexo seja o motivo de encontro e conversa, com as inerentes fantasias, muito promovidas por séries de televisão, de que o respectivo rebento se cruze com um serial killer, com uma organização pedófila, ou então simplesmente com um exibicionista versão ciber que, ainda assim, destapa uma diferente espécie de gabardina.
Com todas as vantagens e desvantagens das maquinetas, tenho para mim que nem vale a pena complicar nem desistir de estabelecer limites neste campo como em todos os outros.
O maior problemas do uso dos computadores pelos mais novos não é o que lá se encontra, porque apenas concentra e espelha auilo que existe, e também se encontra, nos outros mundos menos virtuais. O maior problema é mesmo o tempo despendido: a teclar, a jogar, a pesquisar, a fazer o que quer que seja que se aproxime da obsessão e diminua de forma significativa o investimento no mundo que gira à volta.
Apenas porque a vida é sempre, aqui e agora, e o virtual um espaço de recurso, inverter os termos da valorização facilita o que mais tememos: ficar isolados e descobrir aí um enorme sentimento de solidão.
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