sábado, 4 de dezembro de 2021

Todos somos sozinhos e, contudo, todos somos multidão.

 

Todos somos sozinhos e, contudo, todos somos multidão.

Em tudo o que escrevo, tento invocar a capacidade colectiva do afecto, de olharmos o futuro de frente sem deixarmos ninguém para trás, reconhecer a diferença e não sucumbir à indiferença.

Ao tomarmos conta dos que amamos, permite também sermos amados.

Certo ou errado?

        


                                                                 



 


quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Leandro - Eu mudei (Ao vivo)

O "Tonho"

 

Numa pequena cidade, um grupo de moradores divertiam-se com o pobre “Tonho”, uma simpática pessoa a quem a vida não sorriu, vivia fazendo pequenas tarefas e pedindo esmolas. Todos os dias, alguns cidadãos chamavam o "Tonho" para a taberna, que frequentavam e ofereciam-lhe para escolher uma, de duas moedas: uma grande, de menor valor, e a outra menor, valendo cinco vezes mais. Ele levava sempre a maior e a menos valiosa, o que era um gozo para todos os presentes.

Um dia, alguém que assistia à diversão do grupo, chamou o “Tonho” de lado e perguntou-lhe se ele ainda não tinha percebido que a moeda maior valia menos.

Ele respondeu, assim: "Eu sei, eu não sou estúpido. Ela vale cinco vezes menos, mas no dia em que eu escolher a outra, o jogo termina e não ganharei mais nenhuma moeda".

Esta história podia terminar aqui, como uma piada sem graça, mas algumas ilações podemos tirar desta resposta do “Tonho”:

A primeira: Quem parece um idiota, nem sempre o é…

A segunda: Quem foram os verdadeiros idiotas desta história?

A terceira: A ambição em excesso pode acabar com a fonte de rendimento.

Mas a conclusão mais interessante ainda é esta:

1° - Podemos ficar bem, mesmo quando os outros não têm uma boa imagem sobre nós;

2° - O que importa não é o que os outros pensam de nós, mas o que cada um pensa de si mesmo;

3° - O homem inteligente é aquele que parece ser um idiota, na frente de um idiota que parece ser inteligente!





quinta-feira, 18 de novembro de 2021

A MINHA VIDA...

 

A MINHA VIDA NÃO TEM LADO… Tem apenas frente e verso.

Com os versos sigo em frente, e para enfrentar os reversos, faço do meu tempo o presente.

A MINHA VIDA NÃO TEM TAMANHO… Tem apenas profundidade. Mergulho no prazer dessa existência divina, transformo o medo em vontade, o sonho em realidade, porque o amor não tem esquina.

E quem quiser fazer parte desta história sem fim, tem que ter e querer o que tem em mim: RESTOS DE NADA!




quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Eles amavam-se...

 

- “Não me leves para o hospital, eu quero adormecer pacificamente, com a tua mão na minha.”

Ele relembrou-lhe o passado, como se conheceram, o primeiro beijo, o namoro, a vida a dois. Sorriram. Eles não se arrependeram de nada, eles foram gratos à vida e até agradeceram a Deus as bênçãos recebidas.

Então, ela disse suavemente: “Eu amar-te-ei sempre!”

Ele devolveu as palavras dela e deu-lhe um beijo suave na testa.

Ela fechou os olhos e adormeceu pacificamente com a mão na dele.

O amor é realmente o que importa, porque todos nós viemos a este mundo sem nada trazermos e partimos sem nada levarmos. Fica tudo por aqui...

A profissão, o carro, a casa, a conta bancária. Os nossos bens são apenas ferramentas, nada mais.

Ama sempre, quem na realidade te ame também.




sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Encontrei um burro em Lisboa.


Só a mim...Encontrei um Burro em Lisboa.

Existem mais, mas este estava abandonado!

Estava eu descansado da minha vida a sair do Monumental em Lisboa e observo um burro ao pé dos caixotes do lixo.

Pensei cá para comigo, mas o que é que o burro está a fazer em pleno centro duma das capitais dum país europeu?

Não resisti à curiosidade e acerquei-me dele. Abri-lhe a boca para ver se sabia a idade dele, mas nada. Já lhe faltavam umas mozes na cremalheira.

Quem estava comigo era a Isabel Oliveira que me advertia para deixar o animal em paz. Claro que respondi de pronto com uma pergunta, «mas ó rapariga, então vou deixar o burro aqui sozinho no centro da cidade?»

Podia lá ser? Esperei, esperei e o dono do burro não aparecia. Perguntei a um taxista qual era a esquadra mais perto dali. Respondeu-me que era nas Picoas. Muito bem...

Chegado à esquadra com o burro preso por um cordel, o oficial de dia, fez-me uma catarreada de perguntas: Nome, idade, morada, estado civil e até o nome dos pais (do burro, claro!). Eu fiquei atónico a olhar para ele. Nisto e num repente, diz-me zangado: «Então o que quer que eu faça? O senhor não sabe dados nenhuns do animal...» E eu respondi: «Caro agente, como hei-de saber se encontrei o burro abandonado sem qualquer identificação na Rotunda do Monumental?». Olhe - disse-me ele - prenda aí o burro no parque da esquadra e depois logo vemos se aparece o dono.

Pensei para comigo, já me desenrasquei e fui prender o burro no lugar que dizia: Reservado ao Comandante. (era o único lugar que estava vago).

Não tinha passado 10 minutos de sair da esquadra já me estavam a ligar para ir buscar o animal. Mau...- pensei eu! Querem ver que tenho que ficar com o burro? Certinho e direitinho!

As autoridades passaram-me uma guia para circular e entregaram-me o burro. E agora? perguntava-me insistentemente.

Aqui parado é que eu não faço nada. Bora lá...Sentei-me em cima do burro e lá vamos nós em direcção ao Marquês de Pombal parando em todos os sinais, descer a Avenida na via do BUS até chegar ao Terreiro do Paço. Imaginam a reacção das pessoas e dos turistas ao verem passar aquele lindo "quadro" que nem o Picasso se desdenharia a pintar. Bom...Chegados lá fui para comprar 2 bilhetes para Cacilhas, mas a menina viu-me com o burro e não me vendeu nenhum. Está aqui uma coisa esperta, lamentava-me eu! Então, como é que levo o burro para a Azeitão? Tentei o comboio que passa debaixo da ponte e o fadário foi o mesmo. Quem de longe apreciava a cena era o Augusto Manuel Duarte, um homem corpulento cantarolando um fado, abeirou-se de mim a sorrir e disse: «Ó Alhinho estás metido numa grande alhada. E agora?»

Enquanto pensávamos numa solução para o meu problema e no momento em que me queixava a este amigo que estava todo dorido, pois tinha as nalgas a ferver tal como as miudezas, avistámos ao longe o Toni Cardoso. Estou safo, pensei eu! Ele é um homem batido e havemos de arranjar uma solução para levar o burro até à margem sul. Com resposta sempre pronta na ponta da língua, o Toni só me conseguiu dar por conselho, dado que tinha a guia passada pela PSP, que fosse pela Ponte. Boa...Grande ajuda! - pensei eu.

Lá me fiz à 24 de Julho, passei Alcântara e entrei na Ponte a grande velocidade sem fazer pisca. Foi um engarrafamento total como nunca se tinha visto antes nas horas de ponta. O primeiro homem sentado num burro a passar a Ponte. Fotos e mais fotos e palavras de incentivo e outros piropos menos abonatórios que tive que ouvir durante o trajecto.

Chegados ao fim do tabuleiro já estava um carro da GNR que nos mandou encostar.

Tem os seus documentos? - perguntou o mais graduado. E o do burro? Respondi-lhe que só tinha a guia emitida pela PSP de Lisboa e mais nada.

Temos que apreender o animal, disse de pronto o agente. Ó senhor Tenente Dino Balula (chamei-lhe assim) que favor o senhor me faz. Nem imagina...Venho todo assadinho que nem consigo estar de pé.

Enquanto as entidades policiais preenchiam uma dúzia de papéis para elaborarem o auto de transgressão, o burro carregado de fome subiu a encosta comendo ervinha fresca até chegar ao Cristo Rei. Um dos agentes ainda foi a correr atrás dele mas já não o apanhou. O burro sumiu e nunca mais foi visto com muita pena minha.

O auto que deu em processo seguiu os trâmites usuais e a sentença foi proferida pela jurista Otilia Pombo, desta forma:

Eu, fui acusado como culpado por ter "montado em propriedade alheia" e o burro foi acusado de ter "abandonado o local do crime".




Hei-de mandar em mim.

 

“Hei-de mandar em mim”, mentia-me nessa altura sem me aperceber.

Também cresci em anos, percebendo que, afinal, mandamos muito pouco em nós, que a barba é uma chatice e que a realidade é a soma de tudo, com demasiados pingos de nada.

Mas, o mais espantoso segredo da minha vida, é que, afinal, contra todas as expectativas e a lógica da coisa, não cresci, percebi apenas que estiquei em altura, encolhi em rugas, levei com o mundo inteiro pela cabeça abaixo e continuo a aguardar ansiosamente em ser adulto.




quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Fui bem enganado

 

Um homem e uma mulher que nunca se tinham cruzado na vida, colidem com os seus automóveis.

As duas viaturas ficam completamente destruídas, mas nenhum deles ficou ferido. Ambos conseguem sair dos seus veículos, sem o mínimo sinal de pânico.

Ao olharem-se, a mulher diz ao homem:

- «Eu não acredito nisto,  tu és um homem...  Eu sou uma mulher...

E agora.... agora olha bem para os nossos carros... Estão completamente destruídos, felizmente nenhum de nós ficou ferido.

É um sinal...  O destino fez com que nós nos encontrássemos, deveríamos ficar amigos, viver juntos e em paz para o resto dos nossos dias!»

Ele respondeu de pronto:

- «Estou completamente de acordo,  deve ser um sinal dos deuses.»

A mulher continua:

- «Olha... Parece impossível, pois vejo ainda aqui outro milagre...  O meu carro está completamente destruído mas, a garrafa de Wysque de 79, que eu tenho no interior, não se partiu.  O destino deve querer que façamos um brinde para celebrar este feliz encontro...»

A mulher recupera a garrafa de Wisque e entrega-a ao homem.

Ele, emocionado com o gesto de gentileza da mulher com quem acabou de ter um acidente, delicadamente abre a garrafa e bebe com sofreguidão metade do wisque, como se de um anúncio de água mineral se tratasse. O malte escorria da sua boca, passando pela camisa branca que se ia tornando transparente com tanto liquido.

De seguida, olhando para a mulher, estende a mão e entrega-lhe a garrafa.

A mulher, pega na garrafa, acariciou-a em movimentos sensuais capazes de trazer à vida um morto, realçando as curvas do seu corpo escultural, através do seu vestido justo de tecido fino que deixava a nu, as minúsculas peças interiores, baixando-se lentamente sem tirar os olhos dele... Os seus movimentos eram dignos de uma deusa, descendo pelo ar, até se encontrar de joelhos no chão... Estava já ao nível da cintura do homem que, apenas minutos antes tinha acabado de conhecer.

Estende a sua mão, molha os lábios vermelhos e sem cerimónias pega, através dum movimento delicado, mas calculado ao mínimo detalhe, na rolha que tinha caído no chão e coloca-a na garrafa sem beber uma gota do seu wisque...

O homem ainda com o liquido a escorrer suavemente pelo corpo, com os mamilos visíveis pela transparência da sua camisa, combinava com o sol que brilhava com esplendor.

De repente perguntou:

- «Então tu não bebes...?!»

Ela responde:

- «Não...  Eu vou esperar que a polícia chegue.»




sábado, 4 de setembro de 2021

O conto "A cigarra e a formiga" versão Portugal

 

A burra da formiga trabalha no duro o ano todo, constrói a sua casa e acumula provisões para o Inverno.

Enquanto isso, a cigarra passa os dias no ginásio, no café ou a arranjar as unhas de gel.

As noites são no “Biba la Noche” com as amigas.

Chegado o inverno, a formiga refugia-se em casa onde tem tudo o que precisa até á primavera.

A cigarra, cheia de frio e de fome, vai ao programa da Cristina queixar-se que não é justo que a formiga tenha direito a casa e comida quando outros, com menos sorte que ela, passem frio e fome. O público diz que é uma vergonha.

A CMTV não perde a oportunidade e faz um directo à porta de casa da formiga, passando imagens da formiga ao quentinho com a mesa cheia de comida.

O povo fica revoltado ao saber que o seu país, dito desenvolvido, deixa sofrer a pobre cigarra enquanto que outros andam a viver à grande e à francesa.

É organizada uma marcha de apoio à cigarra.

É feito um episódio especial do Prós e Contras - RTP onde se questiona, como é que a formiga enriqueceu às custas da cigarra. De um lado da bancada, os defensores da igualdade (pró-cigarra), do outro lado, os sem-coração, que defendem a egoísta e insensível formiga.

Em resposta às mais recentes sondagens. O governo preparou uma lei sobre a igualdade económica com efeitos retroactivos (desde o verão)

Os impostos da formiga aumentam consideravelmente e ainda incorre numa multa por não ter prestado assistência à cigarra. Os descontos da segurança social também sobem, de modo a ser justamente partilhados com a cigarra.

A casa da formiga é penhorada pela finanças por não ter conseguido pagar os impostos.

A formiga, decepcionada, faz as malas e emigra para um país onde o seu esforço seja reconhecido e onde possa desfrutar dos frutos do seu trabalho árduo. 

A antiga casa da formiga é convertida numa habitação social para cigarras.  Irresponsavelmente, não param de fazer filhos e  vivem de doações de comida, cerveja e coca-cola. O pouco que recebem dos descontos da formiga mal dá para os bens essenciais, como por exemplo ténis da Nike. A casa deteriora-se por falta de manutenção.

O governo é fortemente criticado pela falta de meios colocados à disposição da cigarra, que vive agora em condições quase desumanas.

A oposição propõe uma comissão de investigação multipartidária
que custará milhões de euros.

Entretanto a cigarra morre de overdose.

Os jornais e TVs garantem que a morte da cigarra se deveu à falta de apoio social por parte do governo, que falhou em acabar com as desigualdades sociais e a injustiça económica.

A casa acaba por ser ocupada por uma família de aranhas imigrantes, traficantes de droga que aterrorizam a vizinhança.

O governo felicita-se pela diversidade cultural existente no país.

Viva Portugal do deixa andar. Pois claro!



quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Só um Alentejano percebe…

 

Todo o bom alentejano “abala”, para um sítio qualquer, que normalmente é já ali. 

O ser já ali é uma forma de dizer que não é muito longe, mas claro que qualquer aldeia perto aqui no Alentejo, está no mínimo a cerca de 30 km. 

Só um alentejano sabe ser alentejano! Mais nada…

Um alentejano “amanha” as suas coisas, não as arranja, um alentejano tem “cargas de fezes”, não tem problemas, um alentejano “inteira-se das coisas” não fica a saber… No Alentejo não há aldrabões há “pantomineiros” e aqui também não se brinca, “manga-se”.

No Alentejo não se deita nada fora, “aventa-se” qualquer coisa e come-se “ervilhanas” ou “alcagoitas” (amendoins) e “brinhol” (farturas). Os alentejanos não espreitam nada nem ninguém, apenas se “assomam”… E quando se “assomam” muitas vezes podem mesmo ter dores nos “artelhos” (tornozelos)!

As coisas velhas são “caliqueiras” e muitas vezes viaja-se de “furgonete” (carrinha de caixa aberta), algo que pode deixar as pessoas “alvoreadas” (desassossegadas). Quando algo não corre bem, é uma “moideira” (chatice) e ficamos “derramados” (aborrecidos) com a situação, levando muitas vezes a que as pessoas acabem por “garrear” (discutir) umas com as outras e a fazerem grandes “descabeches” (alaridos).

“Ainda-bem-não” (regularmente) as pessoas tem que puxar pela “mona” (cabeça) para se desenrascarem quando muitas vezes a solução dos seus problemas está mesmo “escarrapachada” (bem visível) à sua frente.

Não estou “repeso” (arrependido) de ter escrito esta pequena crónica, com vista a lembrar detalhes do património oral, que nos é tão próximo e muitas vezes de “bradar” aos céus. “Dei fé” (pesquisei) algumas expressões e tentei não vos criar, a vós leitores, uma grande “moenga” (confusão), apenas quero que guardem algumas destas expressões na vossa “alembradura” (lembrança)!

Ora porra, “atão” se não me virem por aqui é porque “Abalei” (fui-me embora e pronto)…

                                                  

                                                          


 

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

O Amar e o Armar

 

O brilho da aurora nos olhos de quem ama, é um presente, uma dádiva de Deus.

Viajar com o amor no coração equivale a viver com um sol no peito.

É o mesmo que portar a essência das estrelas num sopro vital. Significa respirar o subtil no sentimento e comungar pensamentos que só alguém na mesma sintonia perceberá.

O amor forma laços vitais entre as pessoas.

Porém, muitas vezes algumas pré-disposições internas (filhas do passado mal resolvido emocionalmente) interferem, formando barreiras e separando-as sem que o motivo real seja detectado. Outras vezes, é apenas o ego sabotando o carinho e tirando das pessoas o seu melhor: a capacidade de enternecer o coração.

Muitas destroem o carinho por demandas do ego negativo e passam a fazer do relacionamento uma disputa de poder. Confundem o amor com dependência alienante e a própria arrogância com força de vontade. Corrompem o amor com posturas teimosas e encapam o coração com camadas de auto-defesa e armam as suas vidas com carradas de ironias. Parecem firmes por fora, mas perderam postura por dentro.

Para aqueles que disputam a supremacia sobre o outro, há um preço alto a pagar: perde-se o brilho da aurora do amor nos olhos. No entanto, de que adianta empertigar a cabeça e parecer auto-suficiente emocionalmente por fora, se por dentro o coração está cercado pelas trevas da insegurança e os olhos já não brilham mais?

Ah, meus amigos!  Parecemos crianças nos relacionamentos. Magoamo-nos  facilmente e perdemos o presente do amor. Pensem no seguinte: relacionamento é ancoragem. Espíritos afins ancoram-se mutuamente no coração e assim os laços vitais são formados. Essa ancoragem é necessária para que os parceiros possam evoluir juntos. No entanto, muitos fogem desse presente e armam trincheiras cheias de explosivos emocionais  junto do próprio coração.

Parecem estar presentes no relacionamento, mas estão prontos para detonar as bombas a qualquer instante.

Nesse caso, há que se perguntar: qual é a sintonia entre amar e se armar? É possível colher flores tranquilamente em terreno minado? É possível ouvir a sinfonia do amor no meio do trovejar de canhões emocionais?

Como nós  somos tão complicados na arte do amor! Sem o brilho da aurora do amor nos seus olhos que luz poderá guiar os seus caminhos no mundo sem brilho? Com o peso do passado incomodando (consciente ou inconscientemente) e espetando o presente com as suas repercussões insólitas no campo afectivo, o que será o futuro do coração?

Flores ou trincheiras? Música ou o espocar das armas emocionais ensurdecendo o coração? O crescimento dos parceiros ou aquela constante tensão surda solapando a ternura? Trocar o brilho da aurora do amor nos olhos pelos vulcões emocionais de uma aventura comandada pela escuridão do ego. Dar valor apenas à forma carnal (refém do tempo, pois todos envelhecem) e não perceber o brilho real além das aparências é apenas iludir-se com o transitório.

A paz nos relacionamentos está nesse brilho. Pensem nisso: o brilho que não tem idade e não depende da forma…

O brilho que permite a comunicação silenciosa entre os parceiros…

A aurora que encontra a aurora nos olhos do parceiro, os pensamentos que eliminam a distância e os corações que se admiram mutuamente são frutos desse brilho. Sem esse brilho, o que existe é apenas o turbilhão das paixões desencontradas e as suas agonias.

Podemos estar magoados com o fim de algum relacionamento, mas tudo passa e as trevas da dor da perda serão naturalmente transcendidas pela aurora do amor.

Banhem-se na luz eterna. Fechem os olhos e pensem na luz branca brilhante que permeia  tudo. Preencham o coração com essa luz. Tornem-se essa luz. Sintam-se presentes nesse brilho.

O amor é um presente da luz…Um presente de Deus!

Vamos fazer para que sejamos mais felizes?


                                       


domingo, 18 de julho de 2021

É o amor da minha vida!

 

Este homem com oitenta e tal anos, insiste em passear a sua esposa de mãos dadas para todos os locais.

Abordei-o e disse-lhe: - A sua esposa olha para todo o lado e não parece atenta.

Respondeu-me: - Ela tem Alzheimer.

Então perguntei: - Se lhe largar a mão, a sua esposa vai saber onde está e para onde ir?

De pronto, afirmou: - Não, não se lembra de nada. Ela já nem sabe quem eu sou! Há anos que ela não me reconhece.

Surpreso, adiantei: - E mesmo assim, aceita ser conduzida por si apesar de não o reconhecer.

De imediato o homem sorri, olhou-me nos olhos e concluiu:

- Ela já não se lembra quem eu sou, mas eu sei quem ela é… Ela é o amor da minha vida!

Joaquim Alhinho



 

sábado, 29 de maio de 2021

O Mundo é uma Empresa


O mundo transformou-se numa empresa para servir meia dúzia de pessoas destruidoras de sonhos. Neste momento estamos a assistir a uma verdadeira escravatura dos tempos modernos.

O conceito de família está a ser completamente vandalizado com novos conceitos.

Conceito da libertinagem, da falta de princípios, da falta de camaradagem e do conceito família com pai, mãe e filhos.

Estamos a caminhar para um mundo completamente anárquico, no que diz respeito aos pilares fundamentais da nossa sociedade que são a família, onde se estão a perder os princípios e os valores que fundamentam a nossa sociedade.

A Palavra é só uma e Verdadeira, a forma como é transmitida é que pode ser variada e deturpada e isso faz com que tenhamos algumas reticências em acreditar que exista um Deus que nos criou.




terça-feira, 4 de maio de 2021

Escritor Joaquim Maneta Alhinho presente na Feira do Livro de Lisboa/2021

 Confirmo a minha presença na  91.ª Feira do Livro de Lisboa 2021, em Setembro, com data e hora ainda por definir. 

A «Aldeia da Bicharada» irá inundar o Parque Eduardo VII.





terça-feira, 6 de abril de 2021

Há fortunas assim...

 

Todas as manhãs, o gerente de um grande banco de Lisboa, passava na esquina onde está sempre o engraxador. Senta-se na cadeira e, enquanto lê o “Diário de Noticias”, o engraxador dá um brilho espelhado nos seus sapatos.

Certa manhã, o engraxador pergunta ao gerente bancário:

- O que é que o senhor pensa da situação do mercado de acções?

O gerente responde-lhe com alguma arrogância:

- Não faço ideia… Porque está tão interessado nesse assunto!

- Sabe – diz o engraxador - tenho dez milhões de euros no seu banco

e estou a pensar investir parte do dinheiro no mercado de capitais.

- Como se chama? – pergunta o gerente.

- Joaquim Trovoada Ganhão.

O gerente chega ao banco e pergunta ao Chefe do Departamento de Clientes:

- Temos algum cliente chamado Joaquim Trovoada Ganhão?

- Sim, sim, temos sim. É um cliente muito estimado e tem dez milhões

de euros na conta.

O gerente sai do banco, vai ter com o engraxador e diz-lhe:

- Senhor Ganhão, peço-lhe que na próxima segunda-feira o senhor seja o nosso convidado de honra numa reunião de administração do banco.

Na reunião, o gerente apresenta o engraxador aos restantes membros:

- Todos nós conhecemos o Sr. Ganhão que dá um brilho excelente  aos

nossos sapatos, mas este senhor também é um nosso estimado cliente,

com alguns  milhões de euros na sua conta. Eu convidei-o para nos contar

a história da sua vida, pois tenho a certeza que vamos aprender muito com ele.

O Sr. Joaquim Ganhão começou por descrever a história da sua vida:

«Vim para a capital há cinquenta anos como um jovem, em busca de trabalho e com um nome muito esquisito. Saí do comboio sem um tostão nos bolsos.

Vim faminto e exausto. Comecei a vaguear em busca de trabalho fixo,

mas sem sucesso. Passei muito mal...

Um dia, encontrei uma nota de 20 escudos no passeio. Comprei um kilo de maçãs. Aqui, tinha duas opções: Ou comer as maçãs e saciar a minha fome ou abrir um negócio.

Vendi as maçãs por 5 escudos e comprei mais algumas com o resto do dinheiro.

Vendi muitas maçãs...Ui, se vendi!

Quando comecei a juntar alguns escudos, consegui comprar um conjunto de escovas usadas e comecei a limpar sapatos. Não gastei um centavo em

diversões ou roupas...Apenas comprei pão e queijo para sobreviver.

Economizei escudo a escudo e passado algum tempo comprei  escovas

novas, mais graxas e pomadas para sapatos de várias cores e aumentei a

minha clientela. Eu vivia como um monge e economizava, economizava...

Uns anos depois, consegui comprar uma cadeira para que os meus

clientes se pudessem sentar confortavelmente, enquanto lhes limpava

os sapatos, o que me trouxe mais clientes.

Continuei sem gastar um centavo com os prazeres da vida.

Continuei a economizar dia após dia. Entretanto, o Escudo virou para o Euro.

Passado mais alguns anos, outro engraxador, o da Avenida da Liberdade, decidiu reformar-se. Eu já tinha economizado dinheiro suficiente para comprar o lugar dele, que era bem melhor que o meu...Assim fiz!

Finalmente, há cinco meses, a minha irmã, que era uma afamada prostituta no Intendente, foi atropelada, faleceu e deixou-me oito milhões de euros.

Meus senhores, desejam mais alguma coisa? Vão mas é trabalhar…»






quinta-feira, 4 de março de 2021

A águia e o corvo

 

O único pássaro que se atreve a bicar uma águia é o corvo. 

Ele senta-se em cima das costas e bica no pescoço da águia. 

No entanto, a águia não responde e  não luta com o corvo, ela não perde tempo nem energia com o corvo.

Simplesmente abre as suas asas e começa a subir o mais alto nos céus. Quanto mais alto voa, mais difícil se torna para o corvo respirar e ele cai por falta de ar e energia.

Quanto mais perto tu estiveres do objectivo, mais obstáculos surgirão.

As críticas serão mais nítidas e as calúnias mais intensas.

Só cabe a ti subires de nível para ver os obstáculos caírem por conta própria.

Sobe de nível, e sê uma águia!




sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Aprendi com o silêncio

 Aprendi com o silêncio a reparar nas coisas mais simples. Valorizo o que é belo e ouço o que faz algum sentido...

Aprendi com o silêncio que a solidão não é o pior castigo. Existem companhias bem piores...
Aprendi com o silêncio que a vida até é boa, bastando olhar para o lado certo, ouvir a musica certa e ler o livro adequado.
Aprendi com o silêncio a respeitar a vida, valorizando os meus dias, realçando as qualidades e defeitos que possuo e descobrir que ainda não vi.
Aprendi com o silêncio que até mesmo a morte, chega de mansinho e, como hábil cirurgiã, rompe os laços que prendem a alma ao corpo, libertando-a do cativeiro físico.
Por respeito a quem me lê, fico em silêncio, para que possa ouvir o vosso interior e desejar-vos uma vida vitoriosa.



sábado, 6 de fevereiro de 2021

O luxo


Fizeram-nos acreditar que o luxo era o raro, era o caro, o exclusivo, tudo aquilo que nos parecia inalcançável. Agora damo-nos conta que o luxo eram essas pequenas coisas que não sabíamos valorizar: Luxo é estarmos saudáveis.

Luxo é não carecermos de entrar num hospital.
Luxo é passearmos à beira mar.
Luxo é poder sair à rua e respirar sem máscara.
Luxo é poder reunir-se com toda a família, com os amigos.
Luxo são os olhares.
Luxo são os sorrisos.
Luxo são os abraços e os beijos.
Luxo é desfrutar cada amanhecer.
Luxo é o privilégio de amar e estar vivo.
Tudo isto é um luxo e nós não nos apercebemos!




domingo, 3 de janeiro de 2021

A Viagem pela Vida

 

Um dia li um livro que comparava a vida a uma viagem.

Uma comparação extremamente interessante quando bem interpretada, claro!

Interessante porque a nossa vida é como uma viagem, cheia de embarques e desembarques e de pequenos acidentes pelo caminho. De surpresas agradáveis pelos embarques e tristezas com os desembarques.

Quando nascemos, encontramos duas pessoas que acreditamos que ficarão connosco até ao fim da viagem. São os nossos pais.

Infelizmente, nalguma estação desta viagem eles irão desembarcar. Vamos ficar órfãos dos seus carinhos, protecção, amor e afecto. Mas isto, não impede que durante a viagem, embarquem pessoas especiais que vão fazer parte integrante da nossa vida. Os irmãos, os amigos e os amores.

Muitos fazem esta viagem como sendo apenas um passeio. Outras, fazem o mesmo percurso encontrando apenas tristezas. E na viagem, encontramos pessoas de tempos a tempos e passam por nós prontas para nos ajudar. Ao invés, aparecem outras para nos derrubar, para nos destruir.

Muitas ficam pelo caminho e deixam saudades eternas, outras tantas viajam de tal forma, que quando partem, ninguém se apercebe da sua ausência. Curioso! Curioso é considerar que alguns passageiros desta viagem que nos são tão queridos, acomodam-se em lugares distantes e obrigam-nos a fazer a viagem separados deles. Mas isso, não impede que tenhamos de atravessar fronteiras e chegar até eles.

O difícil é aceitar que outras pessoas já ocuparam os nossos lugares.

Esta viagem está cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, embarques e desembarques. Sabemos todos que esta viagem não se irá repetir. Ela é única!

Façamos desta viagem da melhor maneira possível, tentando manter um bom relacionamento com todos, procurando em cada um o que tem de melhor, lembrando sempre, que nalgum momento do trajecto poderão fraquejar e provalvelmente carecer da nossa ajuda.

O grande mistério é que não sabemos em que local vamos parar nesta viagem. E aqui, interrogo-me: “Se terei saudades, quando for eu a ficar numa paragem desta viagem?”

Claro que sim!

Deixar os meus filhos e viajar sozinho será muito triste. Separar-me dos amigos, do amor da minha vida, será doloroso.

Espero sempre que algum dia, estarei na estação principal e terei a emoção de os ver chegar com as suas bagagens.

Bagagens que não tinham quando iniciaram a viagem, e o que me deixa feliz é saber, que de alguma forma eu colaborei para que essa bagagem tenha crescido e ter-se tornado valiosa. Fico feliz também por saber, que pessoas como nós, tenham capacidade de construir para recomeçar. Isso é sinal de garra e de luta. É saber viver…

Agradeço muito, por ti que me lês, de fazeres parte da minha viagem. Vamo-nos dedicar mais a quem consideramos ser nossos amigos e trabalhar menos para os outros.

A vida é um conjunto de experiências para serem apreciadas e não sobrevividas.

Existem frases que um dia vão desparecer do meu vocabulário. Vou fazer tudo o que tenho vontade, hoje!

Este é o momento. Chegou o tempo de dizer a todos, os que de alguma forma passaram pela minha vida, que os amo muito.

Agora procuro não retardar e em cada segundo encontrar algo de muito especial que me acompanhe nesta viagem.

Sei que não é fácil, mas vou no mínimo tentar…