sábado, 19 de dezembro de 2015

As dores de cabeça e o sexo



Esta semana jantei com duas amigas. Ambas casadas. Uma há uma boa dúzia de anos. A outra recente. Conversas à mesa de um restaurante e veio a tema, os seus homens, claro. As promessas que fazem, os que cumprem nos primeiros tempos e depois, devagarinho, vão-se esquecendo, deixando para depois. A "conversa do costume" quando chegam a casa: "Estou cansadíssimo. Tive um dia horrível" ou "não exijas muito de mim que hoje foi terrível" ou, pior que tudo: "mas tu só pensas nisso?!". As duas contavam a história e riam - para não chorar, claro. "Sabes, Quim, por isso é que quando me dizem que as mulheres estão sempre cansadas, acho que é uma piada. Nós temos uma vitalidade incrível. Vocês homens é que não têm pedalada para nós...", suspirava, enfim, a mais madura em matéria de casamento, já com filhos crescidos. A outra acenava com a cabeça afirmativamente.
Se tivesse sido esta a única conversa do género no espaço de uma semana e eu ficaria tranquilo. Significava que as minhas amigas tinham simplesmente energia a mais para os seus maridos. O pior é que a coisa não ficou por aqui, porque passado uma semana estive num outro jantar, este "misturado" - ou seja, com casais. Mas aqueles casais em que as mulheres conversam com mulheres, e homens com homens. Uma seca, digo eu! Quando me acerco do grupo das mulheres uma delas tinha iniciado um desabafo em voz baixa sobre a "falta de marido"... "Ele anda sempre cansado. Agora já anda cansado há dois meses?!"
Fiquei calado, abri os olhos, encolhi os ombros e soltei um silencioso: "É pá...".
Pois, pensei depois, a verdade é que já é tempo de acabar com o mito criado pelo sexo masculino de que as mulheres estão sempre cheias de dores de cabeça. Essa velha desculpa para se virarem para o outro lado e adormecerem. Pois, pelos vistos, a coisa está a mudar, pelo menos para um certo tipo de mulheres: as emancipadas, seguras de si, que quando chegam a casa, após um longo e estafante dia de trabalho, depois de resolverem tudo e cuidar das crianças, querem exactamente aquilo que eles reclamaram: que ninguém naquela relação tenha dores de cabeça. Não naquele momento de...poder viver! Achei que o que estava a mudar não eram as mulheres sentirem isso - não tenho dúvidas que sempre o pensaram, nas alturas certas. O que mudou é que agora não têm tabus de falar abertamente sobre a situação. Aquela situação frustrante de ser só um a querer... e, neste caso, elas.
"Agora tu vê: uns são gays, os outros casados, os nossos estão sempre cansados... O mundo está perdido!" Por tudo isto, aqui fica um alerta aos homens deste país (e além fronteiras, já agora): amigos, antes de dizerem que estão com dores e cansados, passem na farmácia, comprem um analgésico, daqueles potentes, e já agora tragam mais alguma coisa para "alegrar" as vossas mulheres nas horas que se seguem. O mundo mudou, acreditem!
Onde estão os machos latinos que tão boa conta dava do recado? Será que estão em vias de extinção?
Vamos lá, depois não digam que ninguém vos avisou…


quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

PURINAPAKOVA



Acabei de entregar na minha Editora o original do meu próximo livro.
Deixei na Chiado Editora uma "bomba" pronta a detonar, a 6 de Março de 2016, pelas 15h00, no Hotel Club d'Azeitão.
Já se imaginou enclausurada(o) durante 22 anos, sem qualquer acesso ao mundo exterior?
A verdade em conjugação com a ficção vai criar muita polémica em torno desta personagem.
Realidades que nunca ninguém ousou escrever.
Fixem este nome: PURINAKOVA
Nota: Esta é uma capa exemplificativa.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Vida Real com gente real!


Morreu um outro Joaquim.
Um dia cabe-me a mim…

Foi esta madrugada em plena baixa de Lisboa que morreu o Joaquim.
Não era actor nem artista. Não era famoso, nem conhecido. Não tinha fama. Era só o Joaquim.
Era apenas um homem que tinha passado pela guerra, que tinha sido abandonado pela nação e pelo povo pelo qual lutou. Um homem cuja vida era passada entre um embrulho de papel e uma resma de jornais, sendo estes o seu cobertor que noite após noite abraçava o seu corpo cansado, das cicatrizes dos homens e das mulheres que por ele passavam e nem um olhar lhe dirigiam.
Era o Joaquim. Homem que não se achava merecedor de uma cama quente, de um duche tranquilizante, de um prato de sopa que lhe apazigua-se o “rato” que amiúde lhe roía o estômago. Era o Joaquim de carrinho de supermercado nas mãos com o qual transportava os seus pertences. Os seus bens mais preciosos.
O Joaquim...
O homem de sobretudo roto, barba comprida entrançada pela sujidade, rugas profundas resultantes de uma vida cansada, desnorteada, carente de um ombro amigo, de uma palavra de alento ou de um sorriso infantil.
Morreu o Joaquim.
Aquele que sorria para todos sem contrapartida, que brincava aos loucos com a plena consciência do seu estado de miséria, aquele que ouvia dizerem-lhe:
- Este é que leva a vida a bem e sem preocupações.
Sim...
Foi esse o Joaquim que morreu.
O Joaquim que tu, eu e todos nós não demos a devida importância.
Morreu o Joaquim. Sem honras, sem reconhecimento. Profundamente esquecido por uma sociedade hipócrita e egoísta de falsos princípios apregoados à vista de todos e olvidados em privado.
Morreu o Joaquim...
Aquele que um dia pode vir a ser qualquer um de nós. Um dia cabe-me a mim…

Morreu e foi enterrado em absoluto silêncio.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A visita ao Carlos Cruz

Eu vi no seu olhar e senti no abraço forte que me deu seguido de um silêncio mordaz.
Depois disse-me ainda com voz trémula: «Vocês são fantásticas(os)».
Ele sente que o povo o crucificou sem provas mas é reconhecedor de que muita gente do seu país sempre acreditou na sua inocência.
Para mim a visita a este amigo foi carregado de peripécias logo desde a entrada.
A máquina não parava de apitar. Tire os sapatos, dizia a guarda prisional. Mais uma passagem e a máquina insistia no apito. Tire o cinto, por favor!
Aqui, respondi: - «Mau...Querem ver que ainda vou nu!» A jovem guarda sorria, mas ainda me perguntou: Têm alguma prótese? E eu respondi de pronto: - «Que eu saiba não!» Aqui é que foram elas, a jovem guarda dobrou-se de tanto rir, pegou-me no braço e lá fui eu com os sapatos e o cinto numa mão e com a outra a segurar as calças, no trajecto pelas escadarias, pelo enorme corredor até chegar ao amigo Carlos Cruz. Não me largou o braço até que o Carlos ao abraçar-me perguntou: «Então Alhinho, continuas um modelo, pá! Como vão as tuas mulheres?» Aqui, a jovem guarda encostou-se à ombreira da porta com dores no estômago de tanto sorrir e caminhou deambulando curvada pelo corredor.
Ambos ficámos felizes e durante a hora que dialogámos li no seu olhar a sua inocência. Só um cego não vê...Sente-se injustiçado, inconformado e revoltado, mas com muita coragem para enfrentar a decisão que a juíza irá proferir a partir de 2 de Dezembro.
As dores nas costas e no ombro são penosas, mas resisti firme, qual guerrilheiro na primeira fila da batalha e que não tem medo de dar o corpo às balas.
Falámos do seu próximo livro que acabou de corrigir e também falámos do meu, que vai ser muito polémico. Aqui, depois de lhe traçar ao de leve sobre o seu conteúdo, avisou-me: «Alhinho, vê lá onde te vais meter!»
Amanhã, conto o resto, ok?
Ah, na saída já composto fui buscar os meus pertences à recepção. Quem lá estava? A jovem guarda que me deu uma bolsa de pano. Agradeci-lhe com um sorriso e dirigi-me à porta de saída de sacola às costas. De repente ouço a sua voz, «Ó senhor, a bolsa não é para levar para casa é só os seus pertences». Voltei-me e deixei de a ver. Aproximei-me do balcão e lá estava ela novamente curvada com a mão no estômago de tanto sorrir.
Lá diz o velho ditado: "Vale mais cair em graça do que ser engraçado."
Ficou-me a satisfação de ter deixado naquela manhã duas pessoas felizes: O amigo Carlos Cruz e a morena guarda prisional.

sábado, 7 de novembro de 2015

O meu "Ti Jaquim": De saudável até à supultura

O meu tio “Jaquim” sempre esteve bem de saúde.
Ao completar 70 anos, quer a minha tia Genoveva, quer a minha prima Bia conseguiram convencer o meu tio a ir ao médico para fazer um check-up.
Embora se sentisse óptimo e cheio de energia, mas com a palavra prevenção na cabeça, lá fez uma deslocação ao clínico.
Sabiamente, o médico, mandou-o fazer análises, radiografias, ecografias e afins. Duas semanas mais tarde, foi mostrar os resultados ao médico e soube que estavam bons, mas que tinha algumas coisas em que poderia melhorar.
Receitou-lhe:
Comprimidos Atorvastatina para o colesterol.
Losartan para a hipertensão.
Metformina para evitar diabetes.
Polivitaminas para aumentar as defesas.
Desloratadina para a alergia.
Como eram muitos medicamentos, tinha de proteger o estômago, então recomendou-lhe o Omeprazol e um diurético para os inchaços.
O meu tio “Jaquim” foi à farmácia e gastou uma boa parte da sua magra pensão de reforma em várias caixas requintadas com nomes esquisitos e de cores sortidas.
Como não conseguia lembrar- se se os comprimidos verdes para a alergia deviam ser tomados antes ou depois das cápsulas para o estômago e se devia tomar o branco para a hipertensão antes ou depois das refeições, voltou ao médico.
Este deu-lhe uma caixinha com várias divisões, mas achou que o meu tio estava tenso e algo contrariado. Receitou-lhe, então, Alprazolan e Sucedal para dormir.
Naquela tarde, quando ele entrou na farmácia com as receitas, o farmacêutico e os seus funcionários fizeram uma fila dupla para ele passar pelo meio, enquanto o aplaudiam.
O que é facto evidente era que o meu tio em vez de melhorar foi piorando.
Ele tinha todos os remédios num armário da cozinha e quase já não saía de casa. Já não ia à taberna do velho Bagulho beber um copito e já não se sentava nos bancos com os amigos, no Largo de S. Francisco, em Vila Boim.
Dias depois, o laboratório fabricante de vários medicamentos que ele usava, atribuiu-lhe um cartão de “Cliente Preferencial”, um termômetro, um frasco estéril para análise de urina e uma caneta com o logotipo da farmácia.
No pouco tempo que lhe sobrava entre as tomas dos remédios dava uma volta pelo quintal da sua casa e acabou por ficar engripado.
A minha tia, como de costume, fez com que fosse para a cama, mas, desta vez, além do chá com mel, chamou também o médico.
Ele disse que não se preocupassem que não era nada de grave, mas prescreveu Tapsin para tomar durante o dia e Sanigrip com Efedrina para tomar à noite. Como estava com uma pequena taquicardia, receitou Atenolol e um antibiótico, 1 g de Amoxicilina a cada 12 horas, durante 10 dias. Entretanto, começaram-lhe a aparecer fungos e herpes, e ele receitou o Fluconol com Zovirax.
Para piorar a situação, o tio “Jaquim” começou a ler os folhetos de todos os medicamentos que tomava e ficou sabendo as contra-indicações, advertências, precauções, reações adversas, efeitos colaterais e interacções médicas.
Leu coisas horríveis… Não só podia morrer mas poderia ter também arritmias ventriculares, sangramento anormal, náuseas, insuficiência renal, paralisia, cólicas abdominais, alterações do estado mental e um cento de coisas terríveis.
Com medo de morrer, chamou o médico, que disse para não se preocupar com essas coisas, porque os laboratórios só colocavam essas coisas todas nos folhetos para se isentarem de culpas.
- Calma, Sr. Joaquim, não fique aflito? - disse o médico, enquanto prescrevia uma nova receita com um antidepressivo Sertralina com Rivotil 100 mg e como o meu tio estava com dores nas articulações deu-lhe o Diclofenac.
Nessa altura, sempre que o meu tio recebia a pensão ia directo para a farmácia, onde já tinha sido eleito cliente “VIP”.
Os dias passavam depressa com tanta toma de medicamentos que uma noite deitou-se e já não acordou. O meu tio “Jaquim” tinha morrido!
No funeral tinha muita gente mas quem mais chorava era o farmacêutico. A minha tia dizia aos familiares que felizmente mandou o marido ao médico na altura certa, porque senão, ele teria morrido mais cedo.

Qualquer semelhança com casos reais é pura coincidência!

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Há vidas assim...

Cansado de lidar com gente que se faz passar por aquilo que não é, depois de ver as igrejas cheias de pecadores e os cemitérios com tanta gente nobre, partilho este exemplo de mais um dos meus heróis anónimos.

Este Senhor que para muitos é um sem-abrigo, é um homem nobre. Professor Universitário aposentado, licenciado em Engenharia com distinção, co-autor de livros de matemática e engenharia, prescinde da sua confortável reforma para ajudar os que precisam mais do que ele. Não tocou na fortuna que herdou dos pais e não usa o carro de boa gama que o pai lhe ofereceu. Na sua humilde casa ou em locais públicos, ensina os jovens universitários e outros estudantes que o procuram sem nunca cobrar um cêntimo. Vive com o indispensável para sobreviver e recusa ajudas porque é um "homem rico" e tem a vida que escolheu. Partilhem esta estória de motivação para uma sociedade melhor. O engenheiro Valdemar Caldeira não vai gostar, não lhe digam nada... O Engenheiro Caldeira não tem facebook, nem computador, nem telemóvel. Mas tem tempo, esperança e solidariedade para dar a quem precisa. Bem-haja, que Deus o conserve por longos anos.

Se procuras um amigo? Conta comigo...


quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Porque é que se muda?

Era bom sabermos de certeza absoluta, ou pelo menos com aquela margem de probabilidade que nos consola, porque é que se muda, quando se muda e como se muda.
Não sendo dos temas mais óbvios, a questão da mudança é dos mais importantes.
Em relação a nós próprios: ao nosso estilo de vida, às formas como nos vinculamos e nos zangamos depois com as pessoas, às escolhas que fazemos numa ou noutra direcção. Dava jeito, e às vezes fazia mesmo falta, ter um entendimento qualquer do que nos move, do que nos faz partir ou ficar, do que nos seduz irremediavelmente e, também, do que nos assusta inexplicavelmente.
Em relação aos outros, ter algum vislumbre dos caminhos que pretendem seguir; das conjecturas que, mais frisadas ou mais lisas, os influenciam; daquilo que em cada momento os atrai ou os distancia era um trunfo poderosíssimo e uma fonte de poder pessoal que duvido que muitos desprezassem.
Em termos sociais, então, seria o luxo dos luxos perceber porque é que os nossos valores são ortogonais em relação aos nossos comportamentos, porque é que sistemas perversos se auto-alimentam para lá de qualquer razoabilidade, porque é que a realidade dá lições de imaginação aos mais dotados criadores.
Descendo à terra, e indo ao registo onde deambulamos e que nos costuma preocupar, temos que é um imenso desconforto acreditarmos que nada se perde e tudo se transforma e não termos a mais pequena noção das formas, razões e amplitudes dessas mudanças, que nos mudam também.
Por um lado, adoramos o novo e somos sôfregos de qualquer coisita que quebre a rotina e nos abra horizontes de possibilidades. Mas, por outro lado, agarramo-nos ao conhecido e resistimos ao que inaugura essas outras possibilidades como se traíssemos o passado e a nossa história, como se na adopção do novo desconstruíssemos a nossa periclitante identidade.
Mudamos porque temos de mudar e mudamos quando temos que mudar. Temos que mudar como condição de adaptação e sobrevivência e operamos essas transformações quando já esgotámos os truques que nos permitiam não nos sujeitarmos a mais conversas.

Dos entremeios, quer dizer, das múltiplas e sofisticadas razões que medeiam as mudanças que fazemos ou nos acontecem, só dá mesmo para, laboriosamente ir dizendo umas coisitas.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Carlos Cruz: Um INOCENTE na prisão

Estou INOCENTE!

Não fiz nada do que me acusam no Processo Casa Pia. Nunca tive relações homossexuais com ninguém de nenhuma idade. Sou heterossexual militante e nunca tive relações com nenhum menor.

A minha família sabe que estou inocente, os meus amigos que conhecem a minha vida sabem que estou inocente. O Ministério Público sabe que estou inocente. O Sr. Carlos Silvino sabe que não me conhece de parte nenhuma antes do Processo. As vítimas sabem que estou inocente - podendo ter criado uma fantasia, consciente, inconsciente ou manipuladas por alguém que lhes incutiu "falsas memórias" fenómeno perfeitamente comprovado e aceite por toda comunidade científica internacional e nacional.

Mas, se estou inocente, porque fui acusado? Porque me envolveram num dos processos mais sórdidos da Justiça portuguesa? O meu nome era um nome que daria credibilidade à mentira.

Em 2002, nada foi investigado a meu respeito: nem escutas, nem vigilâncias, nem buscas a minha casa ou ao escritório ou aos estúdios, nenhuma análise aos meus computadores, nenhum interrogatório a ninguém da minha família ou das minhas relações, não me foi apreendido sequer o telemóvel, nenhum interrogatório em Elvas (excepção de um vizinho "inimigo" da D. Gertrudes, que nada confirmou) nenhum interrogatório aos habitantes ou vizinhos do edifício das Forças Armadas (excepção à dona do apartamento, entretanto falecida, e à mulher da limpeza que negaram tudo) nenhum interrogatório ao dono ou aos empregados da empresa de estafetas a quem pertence a célebre porta das traseiras. NADA. Prenderam para investigar e...não investigaram!

Tudo isto teve que ser feito pelas defesas, arrolando testemunhas que deviam ter sido interrogadas pela investigação!

Mais, não só não existiu investigação, como esta ainda cometeu erros grosseiros que vão constituir um dossier a ser apresentado ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.

É difícil afirmar peremptoriamente o que terá provocado este comportamento principalmente se pensarmos que a Polícia Judiciária é uma instituição prestigiada. Podemos especular com a teoria muitas vezes apresentada em casos estrangeiros de que a investigação partiu do princípio de que a história era verdadeira e, por isso, não era necessário investigar muito. É uma teoria muito defendida em muitos casos.

Por outro lado não esqueçamos que esta investigação especialmente foi dirigida pelo Ministério Público que cedo avocou o processo retirando a investigação à PJ.

O certo é que os erros foram cometidos. Pré convicção? Negligência? Incompetência? Má-fé?

Por tudo isto seria útil uma investigação séria à investigação. Até porque a grande vantagem de toda a publicidade deste processo é que todos os responsáveis têm nome e não quero generalizar pois estaria a culpar toda a Justiça e eu ainda quero acreditar que temos pessoas competentes e sérias nos diversos órgãos Judiciários no nosso país. Serviria a Justiça, a Democracia, o País. Para memória futura!

                                                                                                            Carlos Pereira Cruz

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Acredite em si.


O Estado enganou-me.

O Estado enganou-me e enganou todos nós. Tive uma vida mais ou menos confortável, mas a partir de certa altura praticamente metade do que eu ganhava confiava ao Estado para tomar conta do meu dinheiro.
E o Estado enganou-me e não me quer dar aquilo a que tenho direito, a mim e a todos os portugueses. Reconheço que fui também penalizado pela idade, mas mesmo assim, sinto-me ultrajado, indignado, revoltado e muito solidário para com aqueles que têm reformas menores que a minha. E a minha dá para (sobre)viver, porque tenho felizmente a habitação paga.
Grandes ladrões! Acresce dizer que estão autorizados por nós…
Não me venham com partidos! Não me venham com governos, porque, para esse peditório eu já dei.
Como última esperança gostaria de ver um governo, cujos ministros fossem as pessoas que em Portugal mais conhecimentos e experiência comprovada têm em Economia, Saúde, Justiça, Educação, Segurança, etc…, independentemente de saber se têm ou não partido político.

sábado, 29 de agosto de 2015

Porque tarda a libertação de Carlos Cruz? Liberdade para um homem inocente...

Porque tarda a libertação de Carlos Cruz? Faça-se justiça e libertem um homem inocente!
Este senhor é um cidadão português a quem lhe foi tirada a possibilidade de ter uma vida normal, de continuar a sua excelente carreira profissional, de garantir a felicidade dos seus entes mais próximos. Cometeram uma das maiores atrocidades que se pode fazer a um ser-humano, acusar injustamente. Agora imagine se um dia lhe fazem


o mesmo a si...
As dez principais testemunhas/vítimas cujos depoimentos, em conjunto levaram à condenação de Carlos Cruz, já afirmaram em cartas enviadas ao Tribunal, de que ele é inocente e está preso injustamente.
Francisco Guerra, Lauro David Faustino Nunes, João Paulo do Corro Lavaredas, Carlos Miguel Oliveira, Mário Pompeu, Pedro Miguel Capenhe Pinho, Luís Filipe Cardoso Marques, Ilídio Augusto Marques, Ricardo Manuel Oliveira e Ricardo Rocha, todos eles já vieram a público afirmar que este caso foi uma FARSA e que ACUSARAM Carlos Cruz porque foi o nome que sempre aparecia na lista que a PJ lhes fornecia. Admitiram mesmo, que tinham que o acusar senão não receberiam os 50 mil euros.
Todos eles já pediram desculpas ao Carlos Cruz e escreveram aos juízes manuscritos afirmando a inocência do “Senhor Televisão”.
Só o conheciam da TV e era o nome mais fácil de fixar, dado que era uma figura pública que todos conheciam dos écrans.

sábado, 25 de julho de 2015

Consequência da verdade.


Todas as áreas de conhecimento humano são mutáveis.
Aquilo que sabemos agora não é o mesmo que saberemos daqui a uns anos, e aquilo que hoje tomamos como certo e como adquirido diz-nos a experiência que será um dia obsoleto e risível.
Se no mundo dito tecnológico – um mundo que se encara como meramente instrumental – estas mudanças são tão rápidas que todos nós mal nos lembramos de como era viver na década passada, sem telemóveis nem computadores, no mundo das ideias dir-se-ia que tudo pia mais fino.
Parece estranho que dividamos o conhecimento em fatias e façamos de conta que a tecnologização rápida pode ser asséptica e inconsequente na forma como encaramos o mundo e as relações entre pessoas e povos. Parece, e é, estranho que façamos de conta que os meios e o tempo gasto na persecução de fins ou de objectivos não toquem a essência última dessas metas arvoradas em sentidos de realização ou de vida. Ou seja, e cortando a direito, não dá para fazer de conta que termos feito, enquanto sociedade, uma escolha tecnológica não tem consequências na forma como olhamos o mundo e como nos situamos na relação com os outros.
Mas o facto é que formas e conteúdos se imbricam intimamente.
Não é exactamente a mesma coisa falar diariamente com alguém que está no outro lado do mundo, vendo-o por câmara, ou escrever longas cartas no silêncio da noite olhando para uma fotografia que, de dia para dia, vai desbotando.
Não é a mesma coisa escrever lentamente à mão, procurando a palavra perfeita que exprima a ideia que se esboça, evitando a rasura e a emenda, do que cortar e colar textos já escritos de muitas origens e de muitos diferentes momentos.
Não é a mesma coisa esperar que as estações do ano determinem as tarefas, o acordar e o deitar, a roupa que se veste e os tempos de socialização do que viver em ar condicionado com ocupações indiferentes ao ritmo dos dias.
Porque é diferente, porque o mundo que criámos cria em nós formas de estar e ser de um tipo que não sabemos precisar, não são desprezíveis os contornos das mudanças que nos mudam.
Mesmo que não queiramos, mesmo que não saibamos, o jogo continua: verdade ou consequência ou consequência da verdade…



                                                      Joaquim Maneta Alhinho

quarta-feira, 24 de junho de 2015

O elogio


O elogio

Terapeutas que trabalham com famílias divulgaram numa recente pesquisa, que os membros das famílias estão cada vez mais frios, mais distantes, o carinho é cada vez menor, não se valorizam as qualidades, facilmente se ouvem críticas destrutivas.
As pessoas estão cada vez mais intolerantes e desgastam-se na valorização dos defeitos dos outros.
Por isso, as relações de hoje não duram.
A ausência de elogio está cada vez mais presente nas famílias. Não vemos mais os homens a elogiar as suas mulheres ou vice-versa, não vemos os chefes a elogiar o trabalho de seus subordinados, não vemos mais pais e filhos a elogiar-se; etc.
Só vemos futilidades: valorizam-se artistas, cantores, jogadores, pessoas que usam a imagem para ganhar dinheiro e que, por consequência, são pessoas que têm a obrigação de cuidar do corpo, do rosto, das aparências.
A ausência de elogio afecta muito as pessoas e as famílias.
Há falta de diálogo nos lares. O orgulho e a agitação da vida impede que as pessoas digam o que sentem.
Depois despejam-se essas carências nos consultórios.
Acabam-se casamentos, alguns procurando noutra pessoa o que não conseguem dentro de casa.
Vamos começar a valorizar as nossas famílias, os nossos amigos, alunos ou subordinados.
Vamos elogiar o bom profissional, a boa atitude, a ética, a beleza do parceiro ou parceira, o comportamento de nossos filhos.
O bom profissional gosta de ser reconhecido, o bom filho fica feliz por ser louvado, o pai e a boa mãe sentem-se bem ao serem amados e amparados.
O amigo quer sentir-se apreciado.
Vivemos numa sociedade em que cada um precisa do outro; é impossível uma pessoa viver sozinha e sentir-se feliz. Os elogios são forte motivação na vida de cada um.
Quantas pessoas posso fazer hoje feliz elogiando-as de alguma forma?
Quer um abraço? Um beijo? Ou apenas dizer que gosto muito de si?


segunda-feira, 11 de maio de 2015

Perdoa-me


O amigo como inimigo


                                                                                      
Se ficamos mais decepcionados com os nossos amigos do que com os inimigos é porque esperamos receber o bem dos amigos e o mal dos nossos inimigos. Nem sempre, porém, as coisas funcionam assim, pois não? É por esta razão que se previne de que, por vezes, um amigo comportasse como um inimigo e o inimigo age como um amigo.
Quando é que uma censura ou repreensão pode ser um sinal de amor?
O amor não tem só a ver com beijos e palavras doces. O amor, por vezes, obriga-nos a censurar um amigo ou um filho e pode correr o risco de parecer desagradável, condenatório e crítico. Podemos até vir a perder amigos pela nossa sinceridade ao nos expressarmos. Contudo, se não advertirmos os amigos a respeito do que andam a fazer, especialmente se é algo que lhes possa causar dano, então que tipo de amigos somos nós?
Uma censura aberta é também um sinal de que o nosso amor não assenta em ilusões e fingimentos, mas baseia-se na verdade e na confiança.
 Qual pode ser o resultado da confrontação entre amigos?
A imagem do ferro a aguçar-se com o ferro sugere um benefício recíproco. Uma amizade posta à prova por verdadeiro confronto melhorará não apenas a qualidade da amizade, mas também estimulará e fortalecerá a personalidade de ambos. As respectivas armas ganharão mais eficácia. Acabaremos por ficar mais apetrechados para lutas futuras. As pessoas que se refugiam em si mesmas e unicamente nas suas ideias pessoais, e nunca se confrontam com o desafio de opiniões diferentes, não se desenvolverão no conhecimento, nem no carácter.
Já alguma vez recebeu uma censura por alguma coisa que poderia realmente provocar-lhe dano?
Imagine que não recebia advertência nenhuma a tal respeito. Tendo isto em mente, se tivesse de fazer o mesmo em relação a outra pessoa, como poderia fazê-lo de maneira redentora, em vez de maneira condenatória e crítica?

Qual é o seu nível pessoal de abertura e de transparência naquilo que diz? Que nível de desconexão há entre as suas palavras e os seus pensamentos? Acha realmente que uma tal duplicidade pode ser mantida indefinidamente?

domingo, 26 de abril de 2015

E vós?

“E vós, quem dizeis que eu sou?”.
A pergunta que Jesus fez há 2.000 anos continua a assombrar a História. As pessoas têm dado muitas respostas diferentes. Um grande mestre. Um profundo moralizador. Uma personificação da verdade. Um monumento ao altruísmo. Um profeta corajoso. Um reformador social. Um grande modelo de tudo o que o ser humano deveria ser.

A resposta à pergunta que Jesus fez não pode ser nada menos do que a confissão de Pedro: Jesus é “o Cristo de Deus”. “Cristo” significa o “Ungido”, o “Messias”, cuja missão não é a de um libertador político, mas a do Salvador que vai libertar a Humanidade das garras de Satanás e do pecado e dar início ao Reino da Justiça.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

O preguiçoso


“O preguiçoso mete a mão no prato e não quer ter o trabalho de a levar à boca.” Outras versões, judeus da Idade Média usam a expressão “esconde a mão no seio”.
Assim como há estudantes que dedicam mais tempo e energia a prepararem-se para fazer batota num exame do que a estudar para ele, é uma ironia que as pessoas preguiçosas se esforcem arduamente para encontrar explicações para a sua preguiça!
Só que, procedendo dessa maneira, perdem-se todas as oportunidades que a vida oferece. Nunca desfrutaremos da beleza da rosa, se não corrermos o risco de nos picarmos nos seus espinhos. Não seremos capazes de dar passos em frente, se tivermos medo de obstáculos. As pessoas que não ousam envolver-se nunca provarão o gosto da plenitude da vida.
Assim como uma porta gira nas suas dobradiças, mas não vai a parte nenhuma, também os preguiçosos dão voltas na sua cama; isto é, mudam de posição, mas também não vão a parte alguma.
 Podem levar a mão até ao prato, mas são demasiado preguiçosos para levar a mão com a comida de volta à boca!
Contudo, ainda pior é a sua preguiça intelectual, a sua mente fechada e a sua certeza quanto às suas opiniões pessoais. Portanto, estão sempre certos, são mais sábios do que sete pessoas entendidas, e estão fechados a outros pontos de vista, talvez bem mais sensatos do que os seus. Aqueles que pensam que têm todas as respostas normalmente não as têm.
Os homens não serão condenados por terem acreditado na mentira conscienciosamente, mas porque não acreditaram na verdade, porque não aproveitaram a oportunidade de aprender o que é a verdade.

 Até que ponto compreendemos a nossa função em proporcionar a outros a “oportunidade” de aprenderem o que é a verdade? Onde começa a nossa responsabilidade e onde é que termina?

domingo, 19 de abril de 2015

Joaquim Maneta Alhinho a Presidente da República



Numa pertenceu a nenhum partido politico.
Jornalista, escritor e letrista vai usar o seu discurso fácil e humorista para chegar facilmente ao povo.
Uma surpresa e uma figura que as pessoas vão adorar conhecer.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Por detrás da máscara


A vida está tão cheia de interrogações sem resposta, não está? Numa fracção de segundos, acontecimentos aparentemente ao acaso podem fazer a diferença entre a vida e a morte. Algumas pessoas passam de uma tragédia para a outra, enquanto existem outras em que tudo corre na perfeição. Tudo isso nos deveria dizer aquilo de que precisamos para viver pela fé.
Embora não seja um produto recente (especialmente no mundo ocidental) tem tido aceitação em anos recentes a ideia que defende a natureza relativa da verdade. Isto é, o que é verdade para uma pessoa, ou para uma cultura, poderá não ser verdade para outra. Ainda que, a um certo nível, isto seja sempre correto (nalguns lugares conduz-se pelo lado direito da estrada, noutros pelo esquerdo), a outro nível, isto é um erro perigoso, sobretudo no âmbito moral. Certas coisas são corretas e outras são erradas, independentemente do local onde vivamos ou das nossas preferências pessoais. No final de tudo, onde se encontra o conhecimento do que é certo e errado, do bem e do mal?
Como se pode ver, esta ideia de fazermos aquilo que é certo aos nossos próprios olhos não é nada de novo. Contudo, era algo tão errado naquele tempo como é agora. Como já vimos, nenhum de nós entende todas as coisas; de facto, não há nada que compreendamos totalmente. Todos temos áreas em que precisamos de crescer e de aprender, pelo que devemos estar sempre abertos ao facto de que não possuímos todas as respostas.
No caso dos tolos, a razão para se estar preocupado é que a influência das suas tolices vai além deles mesmos. Estão presentemente mais convencidos da sua sabedoria do que nunca; por conseguinte, insistirão nas suas tolices. Poderão eles ser tão convincentes que outros irão pensar que eles são sábios, vão-lhes prestar honras e consultá-los em busca de conselhos, coisa que poderá levar a grandes problemas. A tolice vai espalhar-se, mas, rotulada de “sabedoria”, poderá ser muito mais destruidora. Além disso, os tolos são tão tolos que não estão cientes da sua tolice.

Com que frequência nos sentimos tentados a fazer cedências naquilo que sabemos serem valores essenciais, verdades fundamentais? O que acontece, porém, quando certos valores essenciais se chocam? De que modo podemos saber quais os valores que têm primazia sobre os outros?

terça-feira, 14 de abril de 2015

Candidato às Eleições Presidenciais/2016

Eu, Joaquim Arlindo Maneta Alhinho, assumo a minha candidatura ao cargo de Presidente da República Portuguesa, nas eleições a realizar em Janeiro de 2016.



sábado, 28 de março de 2015

Vamo-nos arrastando...


Arrastamos os dias como podemos e sabemos. Às vezes encarrilamos em tarefas que, de algum modo, nos divertem; outras vezes sentimos desafios e entusiasmos; por vezes ficamos entristecidos, zangados e infelizes; mas, genericamente distraímo-nos com pequenos acontecimentos e afazeres que esquecemos mal terminam e parecem não deixar qualquer rasto.
Os dias correm com alguma monotonia, ainda que os mais hábeis aprendam a dosear as quantidades certas da rotina que os tranquiliza e da novidade que os desperta e inquieta.
Excepcionalmente, muito excepcionalmente, alguns mergulham em estado de graça.
Vinda de um confim qualquer, indizível e misterioso, chega à consciência uma espécie de energia transformadora que faz a diferença.
Porque tal acontece, tudo o que nos rodeia ganha uma nova e diferente profundidade e nitidez. As cores, os odores, as formas, deixam de ser as conhecidas, as vulgares de sempre e adquirem um tom brilhante como se um manto diáfano de belo cobrisse tudo. As pessoas com que nos cruzamos parecem vivificadas, mais interessantes, humanas e calorosas. As cidades, os prédios, as ruas, os escritórios deixam-se também tocar por essa estranha graça que os transforma em organismos quase vivos, claros e vibrantes. Os problemas por resolver, as dúvidas do costume, as expectativas acalentadas e escondidas, de repente perdem peso, perdem espaço. Uma inefável sensação de bem-estar impregna de leveza e claridade o que pouco antes era amorfo, incolor e mesmo obscuro.
O corpo, o nosso corpo, transforma-se num santuário de prazer. Um prazer beatífico mas pungente que emana em todas as direcções e que, também ele leve e renovado, consegue fazer as pazes com todas as antigas maleitas, todas as imperfeições, todas as insuficiências antes conhecidas e experimentadas.
Alguns associam este estado de graça a acontecimentos específicos como uma paixão amorosa, uma gravidez muito desejada ou uma situação capaz de introduzir ruptura com os sentidos habituais, como por exemplo a sobrevivência a uma doença ou a acidente grave.
Outros sabem que o estado de graça pode acontecer apenas porque sim, eventualmente para nos fazer sentir que viver pode ser, além de um facto de natureza, uma dádiva única que há que celebrar.


Joaquim Maneta Alhinho

Os prémios não são comprados nem roubados. São de quem os merece!


quinta-feira, 26 de março de 2015

Poema "Terceira Juventude" faz parte do livro «Antologia de Poesia Contemporânea»


Este poema da minha autoria (que já virou letra de canção) teve a distinção de ser incorporado na «Antologia de Poesia Contemporânea», editado em livro pela Chiado Editora, com o título "Entre o Sono e o Sonho".

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O menino e a bicicleta azul



Pediu aos pais uma bicicleta e gostava que fosse azul. Nem mais nem menos, azul como a cor do mar.
A primeira bicicleta que teve, tinha três rodas e chamava-se triciclo e aquela que pedira, diziam os pais, iria ter também 3 rodas, a roda grande e duas pequenas atrás para ele se equilibrar e não cair.
Tude certo pensou, desde que fosse azul, como aquela do palhaço equilibrista que tanto o impressionou, nas últimas férias, quando os pais o levaram ao circo do Coliseu. Ida que foi uma aventura, a sua primeira grande aventura, com tigres e leões domados e pacíficos mas que, mesmo assim o assustaram. E os ginastas e trapezistas que voavam de um lado para o outro que até pareciam as gaivotas na praia onde ensaiou os primeiros banhos de mar. Também, as mulheres do circo eram bonitas, como a mãe e a educadora do jardim infantil, mas que faziam ginásticas complicadas em fato de banho, de pé em cima de cavalos brancos que rodopiavam na pista e lhe punham a cabeça a girar sem perceber porquê.
Mas, desta iniciática experiência, o que se lhe fixou mais na memória e que puxava agora à lembrança, foi o tal palhaço de bicicleta azul que fazia uma variedade enorme de piruetas e depressa desmontou parte da bicicleta e ficou só como uma roda e, mesmo assim, saltou uma prancha e parou em cima dela, indeciso se ia para um lado ou para outro e, mais estranho ainda, aterrou numa corda esticada entre dois tripés que os companheiros seguravam bem e só com uma roda andava de trás para a frente e de frente para trás, com uma comprida barra de ferro nas mãos e ficava assim, parado no ar, a receber aplausos da assistência, os dele também, para alegria dos pais que se sentiam gratificados por o miúdo ter gostado do circo.
Veio para casa e, mesmo ainda pelo caminho, pediu uma bicicleta azul como aquela do palhaço. Foi-lhe feita a vontade e o miúdo depressa se transformou num “às do pedal”, à custa de uns tantos arbustos amachucados no jardim da cidade, de algumas negras nos braços e nas pernas e alguns arranhões arrancados do cimento dos passeios. Era uma obsessão pela bicicleta azul que os pais se esforçavam por compreender.
Só quanto tentou imitar o palhaço do circo e se estatelou abruptamente sobre um canteiro de roseiras que o deixaram a sangrar, é que percebeu que a sua bicicleta azul não era igual à daquele palhaço que lhe ficara na memória.

Na vida … (conclua o leitor esta crónica)
E a leitora Carla Ferreira, da Moita, concluiu desta forma:


Na vida todos andamos de bicicleta de maneira diferente e o menino percebeu que o importante era conseguir andar na bicicleta azul, mesmo que não o fizesse tão bem como o palhaço que tentou imitar no circo. Pois ele iria levantar-se e ergue-se de novo quantas vezes cai-se, porque o importante é nunca desistir mesmo que se fique machucado e se estrague o canteiro do vizinho, pois a dor e a persistência é que nos fazem fortes!
                                            



sábado, 24 de janeiro de 2015

A minha fonte de inspiração? As pessoas!


A crónica é um género de escrita ainda hoje de difícil definição.
Começou por ter como tema acontecimentos históricos narrados por ordem cronológica e foi-se transformando, com o evoluir dos tempos, em textos personalizados de comentário e análise das mais diversas situações do quotidiano. Um quotidiano abordado a partir duma perspectiva pessoal em que a formação académica, prática profissional ou conhecimentos específicos do cronista são relevantes, quer no estilo adoptado, quer nos conteúdos escolhidos.
Por se tratar de textos curtos publicados em meios de comunicação social de grande divulgação e terem uma periodicidades intensa, têm habitualmente uma linguagem simples, despretensiosa e mesmo colonial.
Nem sempre o fiz, admito!
Contemporaneamente, a crónica tende a ser mais dissertativa do que narrativa, quer dizer, preocupa-se mais em discorrer ou mostrar um ponto de vista ou uma perspectiva particular sobre um acontecimento, um facto ou até um sentimento, do que descrevê-lo simplesmente.
Vem este arrazoado a propósito de ter em meu poder - umas publicadas e outras por editar - mais de mil crónicas.
Ao longo de tantos anos a escrever, dizem-me que construo textos que interessam às pessoas mas também que são úteis. Dizem-me também, que aquilo que escrevo suscita reacções, identificações, reflexões e até decisões relevantes de quem as lê. Fico imensamente feliz, por isso!
Deixem-me partilhar convosco a minha grande fonte de inspiração: as pessoas.
As pessoas com quem me cruzo na vida social, laboral e na rua. O que as pessoas dizem, as suas interrogações, preocupações e reflexões. As suas distorções e inquietações, as suas mágoas e vitórias, as suas queixas, as suas formas de lidar com os problemas e resolvê-los, os seus momentos de satisfação e gloria.
São as pessoas vulgares, as suas sensações, emoções e sentimentos que tento captar e trazer até vós na esperança de que nas costas dos outros vejamos as nossas.




Joaquim Maneta Alhinho